Superação é um denominador comum entre os quase 4.500 atletas que estão competindo nas Paralimpíadas de Paris 2024. Cada um deles tem uma história única, que demonstra a força pessoal e a do esporte em suas vidas. Entre esses muitos exemplos de determinação e inspiração está a conquista de duas medalhas de prata pela nadadora norte-americana Ali Truwit.
A jovem de 24 anos ganhou a primeira prata na quinta-feira (05/9) na prova de 400 metros livre e segunda nesta sexta-feira (06/09), ao chegar em segundo nos 100 metros costa. Ali compete na categoria S10, para “nadadores com transtorno do movimento de baixo grau nas pernas, de grau moderado nas articulações das ancas ou dos pés, de alto grau em um dos pés, ou com ausência de uma pequena área de um membro”.
Ali sempre foi uma nadadora e esportista. Praticou o esporte durante 15 anos. Quando entrou na universidade, fez parte do time de natação de Yale. Em poucos lugares se sentia tão bem como dentro da água. Mas ao se formar em maio de 2023, imaginou que ali estaria encerrada uma fase de sua vida, e não competiria mais profissionalmente.
Pouco antes de seguir adiante nessa nova etapa da vida e ter acabado de correr uma maratona, Ali foi passar férias com uma amiga, Sophie Pilkinton, também da equipe de natação de Yale, nas ilhas de Turks e Caico, no Caribe. Todavia, durante um mergulho a nadadora foi atacada por um tubarão.
“É o pior pesadelo de todos e que se tornou realidade para mim”, diz ela. “Rapidamente ele estava com a minha perna na boca. Arrancou meu pé e parte da minha perna”, relembra.
Apesar da brutalidade do ataque, Ali ficou consciente o tempo todo. “Eu simplesmente continuava dizendo a mim mesma ‘fique consciente, fique junto, vá para o barco, vá para o barco’”, revelou a nadadora em entrevista à NBC Connecticut. “Eu confiei em 15 anos de natação competitiva para me dar alguma vantagem em uma situação em que eu não tinha nenhuma.”
Foram os cerca de 100 metros mais longos de sua vida, mas Ali nadava pela sua sobrevivência. E ela conseguiu. Ao chegar no barco, Sophie fez um torniquete na perna da amiga para tentar conter a hemorragia e um atendimento de emergência foi acionado. Ali foi levada para um hospital em Miami.
Após a amputação de parte da perna e do pé, vieram os momentos de depressão e a chamada dor fantasma, pois para o cérebro aquele membro ainda está lá. A jovem que amava a água agora tinha desenvolvido um pavor a ela.
Todavia, algo falou mais alto, e três meses após o ataque, Ali entrou em contato com seu antigo técnico de natação e perguntou se ele estaria disposto a ajudá-la a vencer sua fobia e treiná-la novamente. Inacreditáveis cinco meses após o acidente, ela já estava competindo, conhecendo outros paratletas e descobrindo que a vida poderia seguir em frente. Em breve, conquistava seu lugar no time dos Estados Unidos que iria para as Paralimpíadas na França.
“Quando você realmente fica frente a frente com a morte e entende o que uma segunda chance na vida significa, você quer aproveitar ao máximo”, disse ela ao The Guardian.
A nadadora ainda tem dificuldade de acreditar no momento que vive. Tudo o que aconteceu no período de pouco mais de um ano. E por ter a oportunidade de continuar vivendo e subir ao pódio por duas vezes em Paris.
“É realmente um momento surreal e me sinto muito, muito grata por contribuir para a contagem de medalhas do Time EUA, porque o que conquistei foi graças a muito apoio de todos ao redor do país”, agradece.
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Foto de abertura: reprodução Instagram Team USA