
Uma das muitas aves belíssimas encontradas no Brasil, o mutum-de-penacho (Crax fasciolata) desfila imponente com sua plumagem preta e seu topete característico. No passado era observado no Brasil desde o sul do Rio Amazonas, na região compreendida entre o Rio Tapajós e o Maranhão, até o oeste de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Todavia, em muitas dessas regiões, nos dias de hoje suas populações estão em declínio, e com isso, a espécie ameaçada de extinção.
E devido à construção da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, no distrito de Porto Primavera, em Rosana, no extremo oeste paulista, há duas décadas, 140 mutuns-de-penacho foram retirados daquela área e a grande maioria solta em outros ambientes naturais, onde havia a presença da espécie, mas algumas restantes foram levadas para centros de conservação e zoológicos.
Agora, 20 anos depois, descendentes daqueles indivíduos estão sendo reintroduzidos na natureza. A iniciativa faz parte de um projeto de soltura, conduzido por especialistas e pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp).
Assim como todo processo de reintrodução de uma espécie, ele envolve diversas etapas e é feito com muito cuidado, obedecendo o ritmo de adaptação dos animais. No caso dos mutum-de-penacho, primeiramente 20 indivíduos foram transferidos para uma área transitória, com grandes viveiros, no meio da mata, para se acostumarem com a novo habitat.
Foram escolhidas duas áreas de soltura, uma Unidade de Conservação da Cesp no município de Brasilândia (MS), e outra próxima à foz do Rio Aguapeí, em Castilho (SP).
Neste mês, um novo grupo de mutuns, com mais 20 aves, será solto também nos mesmos locais. Todos os animais recebem equipamentos radiotransmissores no dorso, para que possam ser monitorados pela equipe de biólogos e veterinários.
Nas duas fases, é feita inicialmente a chamada “soltura branda”, em que as portas dos viveiros são abertas e os alimentos continuam a ser oferecidos, todavia, são escondidos no meio da mata.
Apenas num segundo momento é que as grades do viveiros são definitivamente fechadas.
Uma mutum-de-penacho fêmea, com o radiotransmissor
(Foto: Luciano Candisani)
Segurança genética da espécie
Especialistas explicam que é muito importante aumentar o número de mutuns-de-penacho na vida selvagem, já que atualmente as populações encontradas são pequenas e isso compromete a segurança genética das mesmas.
Mutuns se alimentam de frutos, folhas e brotos de plantas, mas consomem ainda insetos pererecas, lagartixas e outros pequenos animais. Por isso mesmo, são importantes dispersores de sementes onde vivem.
Os machos têm a plumagem completamente negra e as fêmeas apresentam listras brancas. Elas fazem seus ninhos em árvores e colocam entre dois a três ovos por vez.
A fêmea mais na frente, com a plumagem listrada de branco
(Foto: Luciano Candisani)
*Com informações da reportagem do portal G1 e do site Wikiaves
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Foto de abertura: Luciano Candisani/divulgação Cesp
Meu padrasto cria três, duas fêmeas e um macho, eles apareceram na fazenda e ficaram no quintal. São aves lindas.