Na semana em que o mundo tem seus olhos voltados para as decisões tomadas por líderes globais em Glasgow, na Escócia, durante a realização da Conferência das Nações Unidas para o Clima, a COP26, um caso ocorrido em Santa Catarina – mais um entre os milhões que acontecem todo dia no planeta -, é mais um sinal de como são urgentes ações para proteger nossos oceanos e reduzir a produção da indústria de plástico. Um jovem lobo-marinho encontrado extremamente debilitado e desidratado na Praia Mole tinha ingerido resíduos plásticos.
O animal foi resgatado em outubro pela equipe de campo da R3 Animal, organização que faz o trabalho de reabilitação de animais marinhos na região. Moradores locais avistaram o lobo-marinho e avisaram as autoridades. Urubus já sobrevoavam o animal.
Levado para o Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CePRAM/R3 Animal), ele foi medicado e alimentado com papa de peixe. E logo no dia seguinte, a equipe já observou a eliminação de plástico pelas fezes. Dois dias depois, defecou mais uma pequena quantidade de resíduos plásticos. Felizmente, exames revelaram que o peixe-lobo não apresentava uma obstrução no trato gastrointestinal e ele já está melhor.
Alguns resíduos plásticos eliminados pelo lobo-marinho
“Dependendo da quantidade ou do tamanho dos resíduos, isso pode levar à obstrução. O material fecal endurecido (fecaloma) pode ficar retido no intestino e levar a uma infecção bacteriana, podendo evoluir a um quadro de infecção generalizada e levar o animal a óbito”, explica Marzia Antonelli, veterinária e responsável técnica do PMP-BS/Florianópolis.
Segundo a especialista, dependendo do tipo de material plástico, pode ocorrer lesões no trato gastrointestinal, como úlceras, perfurações, e até mesmo irritações, que prejudicam a qualidade de vida do animal, a ingestão de alimento e a recuperação.
Realização do exame de raio-x
Assim que o lobo-marinho atinja o peso ideal para a sua idade e novos exames comprovem seu bom estado de saúde, ele deverá ser solto no mar novamente.
Os lobos-marinhos podem ser observados em toda a América do Sul, na costa do Peru, Chile, Argentina, Uruguai e Brasil. Após o desmame, os filhotes começam a migração sozinhos para buscar alimento.
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*Caso você aviste um mamífero, ave ou tartaruga marinha debilitada ou morta na praia, no Paraná, Santa Catarina ou São Paulo, ligue para o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), no telefone 0800 642 3341. No Rio de Janeiro o número é 0800 9995151. Sua ajuda é fundamental para salvar vidas!
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Fotos: Crisley Wozniak (abertura) e Nilson Coelho (demais)/R3 Animal