Organizações da sociedade civil da rede Observatório do Clima realizaram nesta segunda-feira (18/11), no Rio de Janeiro, uma manifestação para pressionar o G20, grupo que reúne os países com as maiores economias do mundo, a taxar os super ricos e redirecionar os recursos para financiar ações climáticas robustas.
Os líderes do G20 reúnem-se na cidade até amanhã, sob a presidência brasileira. Uma moeda de três metros de altura foi instalada em frente ao Posto 12, na praia do Leblon, para expor a responsabilidade das nações mais ricas em liderar o combate à crise climática pelo exemplo. Os países do G20 são responsáveis por cerca de 80% das emissões dos gases de efeito estufa e concentram 80% da riqueza do mundo.
Segundo as organizações, nenhum dos membros do G20 pode alegar falta de recursos se não taxar seus bilionários de forma justa e progressiva e aplicar essas verbas na adaptação à mudança do clima e em prol da transição energética justa. O ato promovido hoje se conecta com a campanha TaxaOsBi e com outras iniciativas globais semelhantes, como o Dossiê Taxando os Bilionários.
A campanha exige uma medida simples e urgente: que 3 mil bilionários contribuam com uma taxação anual de 2% de suas fortunas para financiar a adaptação climática em regiões mais vulneráveis. Já o dossiê destaca oito bilionários como exemplos de que a tributação da super riqueza poderia gerar trilhões de dólares para enfrentar a crise climática. Também descreve atividades prejudiciais que apoiam essas fortunas.
“Taxar os bilionários é uma medida justa e necessária para financiar soluções climáticas urgentes. Enquanto os super ricos aumentam sua fortuna e recolhem cada vez menos impostos, o planeta superaquece e milhões de pessoas pagam alto por isso. Os bilionários contribuem de maneira desproporcional para a crise climática, que afeta de forma mais intensa as pessoas mais pobres e as nações vulneráveis ao clima”, diz Marcel Taminato, Coordenador de Alianças Estratégicas da 350.org.
“A crise climática escancara uma injustiça histórica e tributária que não pode mais ser ignorada. Enquanto poucos acumulam fortunas e escapam da taxação justa, bilhões enfrentam os impactos devastadores das mudanças climáticas. É inaceitável que países e populações que menos contribuíram para a crise sofram as piores consequências. Não podemos avançar no combate à crise climática sem enfrentar a desigualdade e a falta de justiça tributária”, afirma Lucas Louback, gestor de advocacy e campanhas no Nossas.
Nathalie Beghin, do Colegiado de Gestão do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), destaca: “É preciso cooperar internacionalmente para mobilizar recursos públicos novos, adicionais e livres de endividamento para o financiamento climático, em especial, para os países do Sul Global. A cooperação entre países possibilita taxar os super ricos e as empresas transnacionais, combater os fluxos financeiros ilícitos e acabar com paraísos fiscais.”
Segundo Tica Minami, do Instituto Climainfo, o G20 precisa sinalizar como um compromisso sólido para manter viva a agenda climática global. Com a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, a responsabilidade sobre os demais países, incluindo o Brasil, de demonstrar ambição e verdadeira liderança climática aumenta exponencialmente. “As nações mais ricas do mundo precisam assumir sua responsabilidade de financiar soluções climáticas e de natureza. A falta de acordo que implodiu a COP da Biodiversidade em Cali mostrou que o nível de compromisso dos países ainda é baixo, colocando em risco a agenda multilateral de clima.”
*Release divulgado pelo Observatório do Clima em 18/11/24
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Foto de abertura: Thiago Dezan