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‘Meu Amigo Pinguim’: a história real de amizade entre um pinguim de Magalhães e um pescador brasileiro chega aos cinemas em 12/9

Esta história linda e comovente começou em março de 2011, quando um pinguim-de-magalhães coberto de óleo – devido ao vazamento de um petroleiro – foi avistado e acolhido pelo pescador João Pereira de Souza (hoje com 80 anos), na praia de Provetá, na Ilha Grande, em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. 

O humilde homem tratou dele por uma semana, quando o levou de volta à praia para que encontrasse o caminho de volta à Patagônia. Mas o pinguim permaneceu com ‘Seu João’ por mais 11 meses. Nascia, assim, uma amizade incomum e improvável entre os dois. 

“Seu João” e Dindim na primeira estada do pinguim em sua casa, em Provetá
Foto: arquivo pessoal

Durante cinco anos, o pinguim, que ganhou o nome de Dindim, voltou à Provetá anualmente, chegando a passar oito meses com João e apenas quatro no mar, até que, em fevereiro de 2018, “depois da troca de penas”, ele se foi e não voltou mais. 

Em 2022, outro pinguim apareceu na mesma praia onde João conheceu Dindim e se comportou como ele. Não demorou para que todos acreditassem que se tratava do amigo do pescador. Mas a notícia foi logo desmentida pelos profissionais do Aquário de Ubatuba, que, quando o pinguim surgiu em 2011, o examinaram, descobriram que era um macho e o marcaram com uma identificação. 

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O “impostor” era o Agente Kowalski, conhecido dos profissionais do aquário, que lhe deram esse nome, na primeira vez em que o examinaram, em homenagem ao personagem da animação Os Pinguins de Madagascar (contamos aqui).

“Observe a maneira como Jean Reno olha para o pinguim. É uma performance 
de coração aberto de um ator que é conhecido como um cara durão”,
diz Mick LaSalle, articulista do San Francisco Chronicle
Foto: divulgação

cineasta brasileiro David Schurmann contou a história emocionante de João e Dindim em Meu Amigo Pinguim (97 minutos; veja o trailer no final deste post), filmado no litoral brasileiro com cenas complementares rodadas na Argentina e equipe de nacionalidades diversas, que estreou nos EUA em 16 de agosto e chega aos cinemas brasileiros em 12 de setembro

É, certamente uma das estreias mais aguardadas deste ano. Pra mim, sim, porque fiquei muito envolvida com a história quando escrevi sobre ela em 2022.

Detalhes da vida real e dos bastidores

O protagonista é interpretado por dez pinguins diferentes, acompanhados por profissionais do Aquário de Ubatuba durante as filmagens.

Para garantir sua saúde, os pinguins tinham um trailer equipado com piscina natural de água salgada. E, para evitar que fossem picados por mosquitos – muito comuns no litoral brasileiro -, antes e depois de cada cena, um lança-chamas era usado para limpar o caminho por onde os “astros” iriam passar e passavam. No final do dia, cada um era pesado para que se confirmassem que não haviam perdido peso devido ao estresse das filmagens.

Até roupinha ele ganhou para enfrentar os dias mais frios, imagina!
Foto: divulgação

“Eu tive que dizer a Jean Reno, uma lenda do cinema, ‘Jean, o pinguim é mais importante do que você neste filme’, e ele foi incrivelmente respeitoso e compreensivo”, se divertiu Schurmann em coletiva de imprensa.

Pois é, para desespero dos puristas (que preferiam um ator brasileiro), “seu João” é interpretado brilhantemente pelo francês Jean Reno (conhecido por filmes de ação como Rollerball e Ronin), ao lado da mexicana Adriana Barraza (Babel, de 2006), que interpreta a esposa do pescador (o filme é falado em inglês).

Um dos atores (ou será um robô?) que interpretam Dindim com
o ator francês Jean Reno e a atriz mexicana Adriana Barraza
Foto: divulgação

Não foi à toa que o articulista Mick LaSalle, do jornal San Francisco Chronicle, escreveu: “Ao longo do filme, observe apenas a maneira como Reno olha para o pinguim. É nada menos que comovente — a emoção nua, a ternura desperta, o deleite e a curiosidade. É uma performance de coração aberto de um ator que é conhecido principalmente como um cara durão”. 

Também pudera! Interpretar ‘Seu João’, escolhido por Dindim para ser seu amigo, não é pra qualquer um. E Reno tem ‘estatura profissional’ para viver o personagem inspirado num homem simples que, em 2012, declarou:

“Eu amo o pinguim como se fosse meu filho e acredito que ele, também, me ame. Ninguém mais tem permissão de tocá-lo. Ele deita no meu colo, me deixa dar banho, me permite alimentá-lo com sardinhas e buscá-lo. E, a cada ano, se torna mais carinhoso. Parece ainda mais feliz em me ver”.

Jean Reno/Seu João passeia com Dindim pelas ruas de Provetá
Foto: divulgação

Uma das cenas mais emocionantes do filme – uma das muitas que nos convidam a rever nossa relação com os animais e a natureza – é quando alguém pergunta à João/Reno se o pinguim é seu animal de estimação, e ele responde, com um jeito doce e orgulhoso: “Não! Ele é meu amigo”.

Resgates e o coração quentinho

Como toda obra cinematográfica inspirada numa história verídicaMeu Amigo Pinguim não é 100% fiel à realidade. No que se refere ao filho de João, os roteiristas o ‘mataram’ por afogamento, ainda menino, para aumentar a dramaticidade. A tristeza que parecia uma barreira impenetrável entre ele e o mundo, se parte ao encontrar o pinguim. É como se uma parte do filho voltasse à vida.

Mas, na vida real, a história é outra: o pescador ficou cerca de 25 anos sem ver o filho e o reviu, sem saber que isso aconteceria, no mesmo programa de TV que divulgou a história dele e do pinguim pela primeira vez. 

Meu Amigo Pinguim não é um filme ambientalista, mas toca em questões sensíveis a este momento do planeta. “Tentamos transmitir a mensagem sutilmente, para primeiro inspirar as pessoas. Quando você gosta de algo, você vai querer cuidar”, declarou Schurmann, que passou a maior parte de sua vida velejando com a família e, com apenas dez anos, circunavegou o planeta num veleiro. 

Os integrantes da Família Schurmann, 
tripulantes do veleiro KAT: Vilfredo e Heloísa e os filhos David, Pierre e Wilhelm

Foto: Luciano Candisani

Ele é presidente-executivo do Instituto Voz dos Oceanos, organização de combate à poluição marinha, que recentemente promoveu a exposição Voz dos Oceanos no Shopping JK Iguatemi, na cidade de SP (contamos aqui).

Sem ser pesado, seu filme fala do vazamento de um petroleiro, mostrando os efeitos terríveis de uma atividade tão perigosa que quase matou o pinguim (perfeito para este momento em que muitos países – entre eles, o Brasil – querem explorar petróleo em águas profundas) e apresenta a essência de um ser não humano e sua relação amorosa com um humano, nos cutucando sobre a importância do respeito à natureza

Já no trailer, Meu Amigo Pinguim me trouxe boas lembranças de Meu Professor Polvo, que me acalentou num dos piores momentos da pandemia de covid e ganhou Oscar de Melhor Documentário em 2021.

Não espere grandes surpresas da obra de Schurmann, mas simplicidade nas palavras e ações, em um ritmo lento na medida, que aquece o coração. “As pessoas sempre falam sobre como Seu João resgatou o pinguim. Mas, para mim, a história também é sobre como Dindim resgatou o Seu João”, explicita Schurmann.

Marque na agenda: 12 de setembro, estreia de Meu Amigo Pinguim em cinemas pelo Brasil. E, agora, assista ao trailer e, em seguida, veja o cartaz, lançado recentemente:

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Fotos: Paris Filmes/divulgação

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