
Ele foi o maior tubarão que se acredita ter vivido nos oceanos do nosso planeta. Entre 15 e 3 milhões de anos atrás, o megalodonte (Otodus megalodon) era um gigante que conseguia comer uma presa do tamanho de uma orca. Mas seu real tamanho sempre foi uma suposição, já que os únicos vestígios fósseis que restaram desse animal foram dentes serrilhados, vértebras e escamas, nunca um esqueleto completo.
Contudo, uma coluna vertebral quase inteira e muito bem preservada de um megalodonte foi descoberta na Bélgica, medindo 11 metros de comprimento. Com a ajuda de outros 28 especialistas em anatomia de tubarões, vertebrados e fósseis de diversos países, incluindo o Brasil, o professor de paleontologia Kenshu Shimada, da Universidade DePaul, nos Estados Unidos, analisou as proporções da cabeça, tronco e cauda em relação ao comprimento total do corpo em 145 espécies de tubarões modernas e vinte extintas.
A partir desses dados o grupo de pesquisadores estimou o tamanho aproximado de um megalodonte. E ele é muito maior do que se imaginava. Segundo o estudo recém-publicado no jornal Palaeontologia Electronica, esse gigante dos oceanos teria passado dos 24 metros de comprimento. Estimativas anteriores indicavam que ele chegava a 16 metros de comprimento – para se ter uma ideia de suas dimensões, olhe bem a imagem mais acima. No canto esquerdo está reproduzido o que seria um ser humano diante dele.
“O comprimento de 24,3 metros é atualmente a maior estimativa razoável possível para O. megalodon que pode ser justificada com base na ciência e no registro fóssil atual”, diz Shimada, que pertence ao Departamento de Ciências Biológicas da Universidade DePaul.
Embora até hoje os termos de comparação do megalodonte sempre tenham sido feitos em relação ao tubarão-branco (Carcharodon carcharias), o paleontólogo ressalta que o novo estudo demonstra que o primeiro tinha um corpo muito mais alongado, mais semelhante ao do tubarão-limão (Negaprion brevirostris).
“Nosso estudo solidificou a ideia de que o O. megalodon não era meramente uma versão gigantesca do tubarão-branco moderno”, esclarece Phillip Sternes, educador do SeaWorld San Diego e um dos coautores do artigo.
“O que diferencia nosso estudo de todos os artigos anteriores sobre estimativas de tamanho e forma corporal do O. megalodon é o uso de uma abordagem completamente nova que não depende apenas do tubarão-branco moderno”, completa Jake Wood, estudante de doutorado da Universidade Florida Atlantic e outro coautor da pesquisa.
A análise baseada no fóssil achado na Bélgica apontou ainda que o megalodonte pesava cerca de 94 toneladas, conseguia nadar a uma velocidade de até 3,5 km por hora, o que não é mais rápido do que o tubarão-branco moderno. O estudo sugere ainda que os filhotes nasciam com aproximadamente 3,6 a 3,9 metros de comprimento.
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Ilustração de abertura: DePaul University/Kenshu Shimada