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Matí: a onça-pintada que é estrela da novela Pantanal

Estreou ontem, 28/3, a novela Pantanal da Rede Globo, regravação da icônica história escrita por Benedito Rui Barbosa, apresentada pela extinta TV Manchete em 1990. 

Na época, a novela ficou famosa pela beleza de suas paisagens – ainda muito desconhecida dos brasileiros -, e também, devido à lenda que cercava duas de suas personagens, que se transformavam em onça.

O sucesso foi tanto que a Manchete chegou a desbancar a audiência da Globo, no horário nobre. E a Globo logo quis fizer a sua versão. Depois de impasses por conta da exibição da novela original pelo SBT e da pandemia, o núcleo de dramaturgia começou a trabalhar nesta superprodução, já considerada a mais cara da emissora.  

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Na história, a jovem Juma Marruá herdou da mãe, Maria, o poder de se transformar em onça sempre que se sente ameaçada. 

Pesquisei, mas não encontrei informações sobre o animal que ‘dividia as cenas’ com Cristiana Oliveira e Cassia Kiss, respectivamente filha e mãe. Mas da onça que ‘contracena’ com Juma e Maria Marruá da “versão global” (interpretadas por Alanis Guillen e Juliana Paes) posso contar. 

Matí passeia tranquila numa das locações escolhidas para as gravações / Foto: Gabriel Choim, NEX

Consciência para a preservação

Para escolher o animal perfeito para papel tão ilustre, a equipe de produção da novela procurou o Instituto Nex, uma organização séria e respeitada, que trabalha com onças em cativeiro no Pantanal e mantém um criadouro científico para fins de conservação.

Daniela Gianni, coordenadora do NEX, com Matí, durante as filmagens no Pantanal / Foto: Instituto Nex

Lá, Daniela Gianni, coordenadora de atividades e projetos, e sua equipe indicaram uma onça muito especial: Matí, fêmea de três anos e meio, acostumada a conviver com seres humanos e muito mansa, como você pode ver pelo vídeo do Instituto SOS Pantanal, que reproduzo no final deste post. 

Sabe por que Matí vive em cativeiro? Quando filhote, foi encontrada sozinha em uma rodovia, resgatada e levada para um criadouro de animais silvestres – o Instituto Onça Pintada -, onde foi cuidada até a fase adulta, perdendo seu instinto selvagem

Quando completou dois anos, em janeiro de 2021, Matí chegou ao Nex por meio de um programa de intercâmbio genético entre criadouros. E lá ficou. 

Por isso, quando surge uma solicitação desse tipo, Daniela não hesita e adere.

Ela entende que, quanto mais visibilidade os animais de cativeiro e a importância da preservação tiverem nos meios de comunicação, melhor para evitar que histórias tristes como a de Matí e outras onças-pintadas do NEX como Marruá, Ferinha, Oxóssi, Amanaci (sobrevivente dos incêndios de 2020, que teve filhote outro dia: batizado de Apoena, ele será cuidado e treinado para viver na natureza) se repitam.

Licenças ambientais e exigências

Depois de encontrar a estrela perfeita para o papel de onça na novela, o próximo passo para garantir sua participação foi burocrático, mas essencial: providenciar todas as licenças exigidas pelos órgãos ambientais para esse tipo de procedimento e manejo: IBAMA, CENAP – Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos do ICMBio, IMASUL – Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul e SEMAD/GO – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás.

E, assim, a participação de Matí na filmagem foi autorizada, em todos os detalhes – do transporte às acomodações no Pantanal, de forma a garantir seu bem-estar e segurança, mas também a segurança de toda a equipe. 

No site do Instituto SOS PantanalGustavo Figueiroa, biólogo e diretor de comunicação, listou algumas das exigências inegociáveis que foram cumpridas e que reproduzo a seguir.

Matí e um dos responsáveis por seu monitoramento, numa das pausas da filmagem / Foto: Instituto Nex

“Equipe extremamente respeitosa e profissional” (composta também por dois veterinários e uma bióloga), que garantisse o bem-estar de Matí encabeçava a lista, que ainda indicava: 

– muito silêncio;
– intervalos constantes nas gravações para que Matí descansasse; 
– ar-condicionado e água fresca sempre à disposição;
– equipe pequena para as gravações e
– monitoramento constante da área para evitar a aproximação de qualquer outro animal.

E Figueroa ainda destacou as medidas adotadas para garantir as exigências acima, veja só:
– seis seguranças para a ronda no perímetro onde a onça seria gravada, de forma a impedir a aproximação de outro animal;
– um médico com equipamento de primeiros-socorros para atender os integrantes da equipe;
– dois veterinários (citados na lista anterior) equipados com zarabatanas e pistolas anestésicas para sedar Matí, em caso de fuga; 
– cabos de aço de três metros conectados à coleira de Matí e 
– dois tratores e condutores para segurar a ponta de cada cabo, de modo que eles não a apertassem e nem ela nem a equipe tivessem acesso.

Complicado, né? Mas, para uma superprodução como a da novela Pantanal, nem tanto. E o resultado lindo pode ser conferido na abertura da novela e em alguns capítulos. 

Novela pode ajudar a conscientizar o público

Mas por que o Instituto NEX aceitou o convite da equipe da novela Pantanal para incluir Matí no elenco? A missão da organização é mostrar a importância da onça-pintada para o meio-ambiente, conscientizando o público sobre o respeito à vida e à liberdade que essa espécie ameaçada de extinção precisa e merece ter. 

O alcance da Rede Globo é inegável, ainda mais em horário tão nobre. E, neste caso, se trata de uma história que muitos brasileiros ainda têm na memória – a novela dirigida por Jayme Monjardim em 1990, é um marco na dramaturgia do país – e se passa no bioma que teve mais de 30% de sua área queimada pelos incêndios de 2020 e há anos vem sendo castigado por gente inescrupulosa do agronegócio

Vale ressaltar, aqui, que existem muitas fazendas no Pantanal e que, graças ao trabalho de organizações, ambientalistas e ativistas, muitos de seus proprietários hoje são aliados da conservação. O SOS Pantanal sempre destaca a importância dessa cooperação para a preservação do bioma e da vida que lá habita.

Nesse contexto, o conhecimento do público a cerca do trabalho de organizações como o NEX pode ajudar a aumentar a consciência sobre a preservação ambiental. E, em conversa com Figueiroa, Daniela destacou ainda mais um aspecto: 

“Queremos aproximar as pessoas da natureza para que se sintam mais próximas da vida selvagem, de forma a combater o preconceito, a repulsa, a aflição ou, até mesmo, a falta de conhecimento que muita gente sente em relação a esses animais”, explica.

Se quiser saber mais sobre os locais no Pantanal onde a nova novela foi gravada, leia artigo do SOS Pantanal. Agora, assista a alguns momentos de Matí, nos bastidores das gravações de ‘Pantanal’:

Foto (destaque): Instituto Nex

Fontes: Instituto SOS Pantanal, Instituto NEX, Remake Pantanal

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