Em 5 de novembro, sexta-feira, quinto dia após o início da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP26. em Glasgow, jovens se uniram em mais uma marcha pelo clima promovida pelo movimento Fridays for Future, lançado em 2018 a partir da primeira greve escolar da ativista sueca Greta Thunberg, em 2018.
A manifestação foi uma espécie de “esquenta” para outro encontro: a Marcha Global por Justiça Climática (Global Day of Action), que reuniu mais de 100 mil pessoas, ontem, 6 de novembro.
Nas ruas da cidade escocesa, não estavam apenas jovens. Crianças, adultos e idosos, gente de variadas raças, cores, gêneros e origens, mas com o mesmo desejo, caminharam com eles em direção à George Square, no centro, onde ativistas como Greta Thunberg e Vanessa Nakate, de Uganda, discursariam.
Gritavam frases e exibiam faixas e cartazes, exigindo maior pressão pública sobre os líderes mundiais e justiça climática. Vamos agir agora!, pediam. O capitalismo está matando o planeta ou Não há planeta B!, sentenciavam. Por que você não se importa?, questionavam, e, ainda, ironizavam: Os dinossauros também pensavam que tinham tempo.
Criminosos do clima
Chegando à praça, os manifestantes eram recebidos por uma performance que representava o desejo de muita gente: líderes negacionistas algemados, sendo por ‘policiais’ levados para a prisão.
Sim, Bolsonaro entre eles, claro! Muito bem acompanhado por Donald Trump, ex-presidente dos EUA, por Xi Jinping, presidente da China, Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália, Vladimir Putin, líder russo, e Narendra Modi, premiê indiano – além de por Rupert Murdoch, magnata australiano.
Os ‘policiais’ encaminhavam-nos pela praça, acorrentados uns aos outros, e gritavam “Criminosos do clima passando! Criminosos do clima passando!”.
“Festival global de greenwashing“
Greta manteve o mesmo tom adotado na conferência Youth4Climate em Milão em setembro, quando declarou que as promessas dos líderes mundiais não passavam de “blá, blá, blá”, expressão também usada por Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, na abertura da COP26.
Talvez inspirado por Greta, depois de saudar os líderes presentes, Johnson declarou: “sem ação, todas estas promessas nada mais serão do que blá, blá, blá e a raiva e impaciência do mundo serão incontidas”.
“Não é segredo que a COP26 é um fracasso!”, bradou Greta, dizendo que o evento “não é mais uma conferência sobre o clima”, mas “um festival global de greenwash!”. E completou: “Deve ser óbvio que não podemos resolver uma crise com os mesmos métodos que nos colocaram nela!”.
Para a ativista sueca, se queremos combater a crise climática, é urgente fazer “cortes de emissões anuais imediatos e drásticos, diferente de tudo que o mundo já viu”.
E destacou que, ao contrário disso, “as pessoas no poder podem continuar a viver em sua bolha cheia de fantasias, como o crescimento eterno em um planeta finito e soluções tecnológicas que aparecerão de repente aparentemente do nada e irão apagar todas essas crises assim”.
E finalizou: “Tudo isso enquanto o mundo está literalmente em chamas! E enquanto as pessoas que vivem na linha de frente já sofrem os impactos da crise climática”.
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Com informações do DW, Folha de São Paulo, UOL, Bloomberg
Foto: Facebook de Greta Thunberg