Uma operação conjunta entre diversos órgãos para combater a pesca ilegal no Rio Grande do Sul resultou na apreensão de 22 toneladas de pescados. A ação de fiscalização ocorreu nos municípios de nas cidades de Camaquã, Capivari do Sul, Eldorado do Sul, Mostardas, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul.
Equipes do Instituto Federal do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado, a Brigada Militar Ambiental, o Grupamento Rodoviário da Brigada Militar e a Polícia Rodoviária Federal confiscaram 13,5 toneladas de camarão, 7,8 toneladas de polvo, 1 tonelada de tubarão e 150 kg de peixes variados.
Dentre as espécies apreendidas foram identificados 340 tubarões-martelo, espécie criticamente em risco de extinção e dez bagres brancos, também sob ameaça.
Três pessoas foram presas em flagrante. O objetivo principal da Operação Decápoda era coibir a captura e o transporte irregular do camarão rosa, espécie comum na Lagoa dos Patos, a maior laguna do Brasil.
Todo o pescado apreendido e que estava em condições adequadas para consumo foi doado ao Mesa Brasil, programa de segurança alimentar do Serviço Social do Comércio (Sesc), que atende pessoas em situação de vulnerabilidade social e nutricional. As doações foram realizadas nas cidades de Osório, Pelotas, Porto Alegre e Rio Grande.
Cação é tubarão!
Em todo o Brasil, a carne de tubarão ou raia costuma ser vendida com o nome popular de cação. E muitos consumidores nem sabem disso.
Já há anos que biólogos, pesquisadores, cientistas e organizações ambientais alertam sobre a questão. Em 2016, eu escrevi uma matéria sobre o assunto: Vendidos como cação, tubarão e raia ameaçados de extinção vão parar no prato dos brasileiros. A ONG Sea Shepherd também fez uma grande campanha de conscientização, em 2021, sobre o tema: “Cação é tubarão” (saiba mais aqui).
Atualmente nosso país é o maior importador e consumidor de carne de tubarão do mundo. Mas não existe uma legislação federal que obrigue pescadores e comerciantes a deixar isso claro para os consumidores.
No final do ano passado, entretanto, o governo do Paraná promulgou uma lei obrigando supermercados, peixarias, restaurantes e demais estabelecimentos comerciais “a expor, em local visível aos consumidores, o nome científico e o nome vulgar das espécies de tubarão e raia comercializados como carne de cação“ (leia reportagem completa neste link).
“Cação é qualquer coisa. Na prática, no supermercado, é um nome fictício, que não existe. É um nome que engana o consumidor. Pode ser qualquer uma das 300 espécies de tubarões ou raias ou outra coisa”, diz o biólogo Jean Vitule, professor de Ecologia do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Paraná.
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Foto: divulgação Ibama