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Lideranças indígenas participam de campanha de apoio à candidatura do cacique Raoni ao Prêmio Nobel da Paz em 2020

Reverenciado e respeitado por todos os povos indígenas brasileiros, em janeiro o cacique kayapó Raoni Metuktire reuniu 600 lideranças e outros representantes de etnias do Xingu e de outros povos da floresta na aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto Jarina (MT), para o Encontro Mebengokré. Foram quatro dias de debates sobre os temas mais urgentes, que ainda incluiram o lançamento de uma campanha de apoio à candidatura de Raoni ao Prêmio Nobel. A indicação ao prêmio foi feita pela Fundação Darcy Ribeiro para a edição do ano passado. Ele concorreu com Greta Thunberg (indicada novamente este ano), entre outros nomes, mas quem ganhou foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali.

(Vale destacar aqui que o encontro em Piaraçu resultou em um manifesto pela proteção das reservas indígenas e de seus habitantes e pela demarcação de terras, – a Carta de Piaraçu – que será entregue ao Congresso e para diversos líderes políticos internacionais. Esta semana, Raoni a levou para o primeiro-ministro, Boris Johnson, em Londres, aproveitando a viagem à Oxford, onde participou de colóquio com pensadores do Brasil e do mundo sobre o futuro da Amazônia. Estava acompanhado por Davi Kopenawa, xamã e líder Yanomami, Megaron Txucarramãe e Bepró Metuktire)

Para ilustrar a campanha, o Instituto Raoni convidou o cinegrafista e fotógrafo Todd Southgateque sempre acompanha a luta dos povos indígenas e dirigiu o contundente documentário Belo Monte: depois da inundação – para registrar as lideranças presentes à aldeia Piaraçu. Segurando um papel onde se lê RAONI NOBEL DA PAZ 2020 todos revelaram seu apoio ao líder que é uma das principais vozes da luta dos povos indígenas no Brasil e teve especial participação na garantia de direitos na Constituição Brasileira de 1988.

Na imagem que ilustra este post, estão retratos de Tuíra Kayapó (líder do movimento indígena, tornou-se referência para todos que defendem a Amazônia contra as barragens, há 31 anos, quando encostou um facão no rosto do então presidente da Eletronorte, explanando o grito Kayapó de luta – Tenotã-mõ!), Bedjai Txucarramãe, Anna Terra Yawalapiti (filha do falecido Pirakumã e sobrinha de Aritana) e Tapi Yawalapiti (filho de Aritana) divulgados no perfil da campanha no Instagram.

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Veja, no final deste texto, outras lideranças que apoiam Raoni, divulgadas até agora pelo instituto que leva seu nome, em seu perfil no Instagram.

A importância do prêmio diante das ameaças constantes de Bolsonaro

Assim que saiu o resultado do prêmio, em outubro de 2019, o vice-presidente da Fundação Darcy Ribeiro, Toni Lotar, explicou que a campanha para convencer o comitê do Nobel da Paz a conceder o prêmio a Raoni visava, na verdade, o prêmio de 2020. “A eventual premiação já em 2019 seria por conta de uma prerrogativa do próprio Norwegian Nobel Committee (que escolhe o vencedor), que pode incluir na seleção final nomes não indicados até 31 de janeiro”.

A instituição também divulgou um vídeo com Raoni, que agradecia a todos pelo apoio à campanha já no ano passado. “Vou continuar defendendo o direito dos povos indígenas, defendendo o meio ambiente, defendendo a Amazônia, defendendo a vida. Sou grato a cada um de vocês que se preocupa com o planeta e querem garantir um futuro para suas crianças”. Assista no final este post.

Também faz parte da iniciativa da fundação um abaixo-assinado online que continua valendo e tem quase 7 mil assinaturas.

Com quase 90 anos, Raoni não para. E é querido e respeitado não só no Brasil como em várias partes do mundo, por indigenas, ativistas, líderes políticos e chefes de Estado. Em maio do ano passado, acompanhado por novas lideranças como Tapi Yawalapiti, filho do cacique Aritana, o cacique kayapó viajou à Europa para denunciar as ameaças do governo Bolsonaro e pedir apoio financeiro para reforçar a proteção dos povos indígenas na Amazônia e no Xingu. Foi recebido por Emmanuel Macron e outros chefes de estado, como também pelo Papa Francisco, no Vaticano.

Por isso, sua candidatura foi muito bem recebida. E ganhou corpo com as críticas de Bolsonaro em seu discurso desastroso e mentiroso na abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), no fim de setembro. Lideranças indigenas foram às redes sociais manifestar seu apoio a Raoni e sua indicação ao Nobel. Davi Kopenawa gravou vídeo e assinou carta apoiando o amigo, que chama de “tio Raoni”.

Famosos também apoiaram o cacique kayapó, como foi o caso de Sting – amigo desde os anos 80 – e de Caetano Veloso.

O presidente não se cansa de ofender o líder indígena e costuma dizer que ele é usado por governos estrangeiros interessados em explorar a Amazônia. Ou seja, atribui a outros países seus próprios interesses.

Só de novembro do ano passado até ontem, o governo acenou com as seguintes decisões:
– Ministro da Justiça, Sergio Moro, travou processo de remarcação de 17 reservas indígenas.
– Bolsonaro assinou, ontem, 5/2, projeto de lei que altera a Constituição e libera exploração econômica livre e sem consulta das terras indígenas. Projeto seguiu para votação pelos parlamentares no Congresso;
– Funai trocou antropólogos qualificados por “profissionais de confiança” que não estão capacitados para lidar com demarcações de terras;
– Funai restringiu viagens de fiscalização, deixando povos isolados ainda mais vulneráveis;
– Diretor da Funai, o ex-delegado da Polícia Federal Marcelo Augusto Xavier da Silva, indicou missionário evangélico para lidar com os povos indígenas isolados;
– Por ordem da “diretoria de Brasília”, Funai interrompeu atendimento e fornecimento de cestas básicas para distribuição de cestas de básicas para as famílias indígenas em terras não demarcadas na região de Dourados e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Adultos e crianc1as passam fome e Ministério Público já interferiu, exigindo revisão da decisão por parte do órgão; e
– Funai proíbe servidores de visitar terras indígenas para dar andamento a demarcações, alegando que a “retomada” das terras tem base na “antropologia trotskista”. Mais uma vez, inventa expressões e fatos que nao existem para desqualificar e vulnerabilizar os indígenas.

É ou não é um genocídio declarado?

Diante de tantas ameaças declaradas do presidente e de seus aliados aos povos indígenas, a candidatura de Raoni ganha novos contornos e se configura como um apoio importante para a luta contra os retrocessos na política indigenista brasileira. Dá ainda maior visibilidade ao grande líder desses povos e à sua causa pela vida, ao apelo por sua proteção e de suas terras, reservas ambientais imprescindíveis para a existência da vida na Terra.

Divulgue as imagens abaixo em suas redes sociais (incluindo o nome do líder e do fotógrafo) e apoie também a campanha Raoni Nobel da Paz 2020. No final deste post, o vídeo de agradecimento com Raoni, produzido no final do ano passado.

Tumin Yawalapiti, liderança jovem do povo Yawalapiti do Alto Xingu
Tuíra Kayapó
Bedjai Txucarramãe, chefe da aldeia Piaraçu, onde aconteceu o Encontro Mebengokré, em janeiro
Crisanto Xavante, presidente da Fepoimt – Federação dos Povos Indígenas do Mato Grosso
Kaianaku Kamayurá
Ianuculá Suyá Kaiabi, presidente da ATIX – Associação da Terra Indígena do Xingu
Anna Terra Yawalapiti
Gasodá Suruí, tradicional liderança do povo Paiter Suruí, de Rondônia
Tapi Yawalapiti, jovem liderança do povo Yawalapiti, filho do cacique Aritana, viajou com Raoni para a Europa,
em maio de 2019, para denunciar o governo Bolsonaro e pedir apoio para proteção do Xingu

Fotos: Todd Southgate/Divulgacão

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