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Investidores internacionais pressionam cadeias de fast food a reduzir emissões de carbono


Investidores internacionais pressionam cadeias de fast food a reduzir emissões de carbono

“Comida” rápida e barata. Este é o conceito de fast food, modelo americano que se espalhou pelo mundo inteiro. Gigantes globais como McDonald’s, Burger King e Domino’s Pizza são algumas das empresas que dominam esse setor. Com um número impressionante de sanduíches e pizzas produzidos, elas dependem da indústria de carne e de laticínios para continuar atendendo a crescente demanda de seus consumidores.

Todavia, sabe-se que a agropecuária é uma das maiores emissoras de gases de efeito estufa, além de fazer um uso absurdo de água e de solo. Ou simplificando: ela é apontada por especialistas como uma das principais responsáveis pelo aquecimento global, fenômeno que intensifica desastres climáticos, como tempestades, furacões, chuvas torrenciais, secas, incêndios florestais…

E qual o papel das redes de fast food nessa história? Enorme! Essas empresas ainda não assumiram sua responsabilidade social e ambiental (ou o fizeram muito timidamente) perante as mudanças climáticas.

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Para pressionar essas empresas a agir, uma iniciativa que trabalha com mais de 80 fundos de investimentos internacionais – que juntos detêm algo em torno de US$ 5,6 trilhões -, veio a público pressionar algumas das cadeias mais famosas do mundo: Domino’s Pizza, McDonald’s, Chipotle Mexican Grill, Wendy’s Co., Burger King, KFC, Pizza Hut, dentre outras.

“Para as empresas de fast food que compram carne e produtos derivados do leite, os riscos da cadeia de suprimentos apresentam desafios crescentes para a segurança do fornecimento, ambições de sustentabilidade, imagem e reputação e crescimento financeiro”, alertou a FAIRR Initiative.

A iniciativa, ao lado da organização Ceres, enviou cartas aos CEOS das cadeias acima exigindo que, até o mês que vem (março de 2019), elas definam uma estratégia clara de como eliminarão os riscos associados às mudanças climáticas de suas cadeias de fornecedores de carne e laticínios e divulguem seus compromissos, com metas científicas, com uma análise de cenários de risco climático.

Em resumo, essas empresas precisam deixar claro como irão reduzir a emissão de gases de efeito estufa e uso da água de seus parceiros comerciais.

“Todos os dias, cerca de 84 milhões de adultos consomem fast food apenas nos Estados Unidos, mas a verdade inconveniente dos “alimentos de conveniência” é que os impactos ambientais da carne e dos produtos lácteos do setor atingiram níveis insustentáveis. Para colocar isso em perspectiva, se as vacas fossem um país, seriam o terceiro maior emissor mundial de gases do efeito estufa”, diz Jeremy Coller, fundador da FAIRR e CEO do fundo de investimento Coller Capital.

“Os gigantes do fast food oferecem refeições rápidas, mas têm sido super lentos em responder às suas pegadas ambientais gigantescas. Os investidores estão ansiosos para ver mais liderança dessas empresas em reduzir os riscos climáticos e hídricos, associados a seus fornecedores”, afirmou Mindy Lubber, presidente e CEO da Ceres. “Da eliminação do desmatamento à redução do desperdício de água, a limpeza de suas cadeias de fornecimento terá enormes impactos no setor de pecuária como um todo e aumentará drasticamente nossa capacidade de cumprir as metas do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global ”.

Agropecuária brasileira x emissões de carbono

Em 2016, o rebanho bovino brasileiro emitiu 392 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, o equivalente a 17% de todas as emissões de gás carbônico do Brasil naquele ano, ou 79% de tudo o que foi emitido no setor de agropecuária.

Se fosse um país, o gado brasileiro seria o 17o maior poluidor climático do planeta. Os dados foram divulgados no ano passado, por uma análise feita pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa- SEEG (leia mais aqui ).

Entre 1970 e 2016, as emissões do setor agropecuário no Brasil aumentaram 165%. Nos últimos dez anos, o crescimento foi de cerca de 40%, enquanto a produção agrícola aumentou 130% e a produção de carne bovina, 180%. Nosso país é o terceiro maior emissor global por agropecuária, atrás apenas de China e Índia.

“Embora a agropecuária seja o principal motor da economia brasileira, o passivo climático deixado por ela é muito grande. E a falta de políticas públicas olhadas para o setor, que poderiam criar estímulos às boas práticas, amplia a discussão para que haja uma mudança significativa, para uma gestão de eficiência, que olhe de maneira mais assertiva e trate de soluções para as propriedades”, ressalta Ciniro Costa Junior, pesquisador da área de Clima e Cadeias Agropecuárias do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).

produção de carne feita em área de desmatamento

Em outro estudo, publicado em 2017, a organização WWF também fez um grave alerta sobre o problema. Para atender a voracidade da atual dieta do ser humano, baseada cada vez mais no alto consumo de proteínas, vastas áreas da Terra estão sendo transformadas em plantações de soja e outros cultivos para alimentar vacas, bois, galinhas, porcos e outros animais, os grandes favoritos em nossos pratos nas últimas décadas.

O relatório “Apetite pela Destruição

De acordo com o WWF, 60% das perdas da biodiversidade do planeta são provocadas pela nossa dieta baseada, sobretudo, em laticínios, carne e alimentos processados. Entre as regiões que sofrem a maior pressão estão a Amazônia, a Bacia do Congo e o Himalaia.

Vale lembrar que 40% da carne consumida no Brasil é produzida justamente na Amazônia.

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Fotos: domínio público/pixabay (abre) e Secretaria de Agricultura e Abastecimento/Creative Commons/Flickr

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Sandra
Sandra
6 anos atrás

Não veganos costumam “puxar a brasa para sua sardinha” alegando que “o que seria de todos os animais “comestíveis” se o mundo se tornasse vegano?” É que pensar dá trabalho e consumidores de carne animal não costumam utilizar a faculdade de pensar nos animais, a não ser quando já estão mortos, fatiados, cozidos, assados, ralados ou inteiros, com uma maçã na boca, que ele não vai comer porque está morto, claro. A resposta é simples para a pergunta “o que seria de todos os animais “comestíveis”? Acontece que já não haveria a desenfreada produção em massa oriunda das ininterruptas inseminações artificiais (termo elegante para o estupro da vaquinha) e logicamente, se bebês não nascem, animais não crescem para pastar no espaço desmatado para eles, não fazem queimadas para plantar a soja para eles comerem e o solo não sofre a compactação surreal por causa do deslocamento dos rebanhos que caminham sobre ele porque não sabem, ainda, voar (he he he). Solo compactado equivale à dificuldade da infiltração da água, que se escoa pela superfície, sem aprofundar-se, provocando erosões. Também se o número de animais diminuísse no mundo vegano, não haveria excesso da liberação do gás metano, isto é, só um pouquinho, o estritamente tolerável nos poucos animais remanescentes da carnificina, adotados como pets dos humanos na condição de companheiros e amigos.Com isso, quem sabe, não seria impossível reverter o aquecimento global e as desgraceiras dele decorrentes, porque o boi da cara preta, que não gosta de fazer careta para assustar as criancinhas, mas dizem que faz, tem sido o bode expiatório na hora de se arrastar um culpado para o banco dos réus, por conta dos desmandos humanos na pecuária, onde pessoas compartilham o campo com seus bichos porque adoram animais sempre que dão o lucro fácil das próprias vidas, coagidos a isso, embora, como eu ou você, adorem conviver em família e prefiram morrer de velhos. Agricultura (sem agrotóxicos) SIM; pecuária (sob qualquer aspecto) NÃO.
http://veganagente.com.br/se-a-pecuaria-acabar/
https://mercyforanimals.org.br/motivos-vegano-meio-ambiente
https://www.svb.org.br/205-vegetarianismo/saude/artigos/18-vegetarianismo-e-combate-ome
https://www.sejavegano.com.br/

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