
Não é de hoje que cientistas alertam que os polos são as regiões mais impactadas pelo aquecimento global. A temperatura no Ártico, por exemplo, está entre 20oC e 30oC acima do normal, revelou um estudo da Agência Americana de Oceanos e Atmosfera (NOAA), em 2018. E uma nova comprovação desse efeito perturbador da crise climática sobre o extremo sul do planeta foi divulgada, através das imagens do fotógrafo Christian Åslund, que visitou a região de Svalbard, na Noruega, a bordo do navio The Witness, do Greenpeace.
Desde 2002 Åslund tem fotografado as geleiras de Svalbard e usado suas imagens para fazer comparações com os registros documentados pelo Instituto Polar da Noruega, iniciados por volta de 1900. As imagens acima, por exemplo, foram feitas em um intervalo de 58 anos – a da esquerda, em 1966, e da direita, este ano.
Segundo o Greenpeace, há pouco mais de 20 anos a geleira Blomstrandbreen já havia recuado quase 2 km, em comparação a fotos tiradas em 1928.
“Em muitas das geleiras que fotografei para esta série, vimos a mesma história – paredes de gelo completamente desaparecidas e geleiras recuando para o nada. Elas ilustram o quão rápido nosso planeta está mudando à medida que a crise climática piora. O Ártico é o nosso sentinela climático – é onde as crises climática e oceânica convergem, e onde os impactos dessas crises são vistos primeiro e sentidos mais intensamente”, diz o fotógrafo.
Vale lembrar que o degelo do Ártico tem um efeito cascata sobre todo o planeta. “O derretimento de geleiras contribui para o aumento do nível do mar, enquanto a perda de gelo marinho expõe um oceano mais escuro que absorve calor em vez de refletí-lo, levando a mudanças generalizadas nos padrões climáticos. As crises climática e oceânica estão profundamente interligadas; à medida que a crise climática se intensifica, a capacidade do oceano de mitigar seus efeitos mais severos, apoiar comunidades costeiras e sustentar ecossistemas marinhos está sendo prejudicada em uma escala sem precedentes”, ressalta o Greenpeace.

abaixo registro feito em agosto 2024
Fotos: Christian Aslund/ Christian Aslund / Norwegian Polar Institute / Greenpeace
E não é só no Ártico que as consequências da elevação da temperatura global podem ser observadas. Em outubro, pesquisadores das Universidades de Exeter e Hertfordshire, do Reino Unido, e do British Antarctic Survey revelaram que a cobertura de vegetação na Península Antártica está crescendo como nunca antes registrado, provocando um esverdeamento sem precedentes.
Usando imagens de satélite, os cientistas descobriram que a área coberta por vegetação na Antártica aumentou de menos de 1 km2 em 1986 para quase 12 km2 em 2021. A análise aponta ainda que esse crescimento se acelerou em anos recentes, a partir de 2016.

Foto: Christian Aslund/ Christian Aslund / Norwegian Polar Institute / Greenpeace
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Foto de abertura: Christian Aslund/ Christian Aslund / Norwegian Polar Institute / Greenpeace