Doze “troféus” de caça foram apreendidos por equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Federal durante uma operação de combate à lavagem de dinheiro proveniente da extração e do comércio ilegal de ouro em garimpos nos estados do Mato Grosso e do Pará.
Troféu de caça é o termo utilizado para cabeças, corpos e membros de animais, que são empalhados, e entregues como prêmios a caçadores. Na operação conjunta entre os dois órgãos do governo foram encontradas onze cabeças de animais, incluindo hipopótamos, búfalos e gnus, e uma ave inteira taxidermizados. Os bichos eram usados como decoração na casa do caçador e empresário Arthur Rondini, em São José do Rio Preto (SP), e estavam pregados em paredes e expostos na sala, como uma girafa e um leão, ambos em tamanho natural. Também foi achada uma bala em que estava escrito “girafa” – provavelmente exemplar da munição usada para matá-la.
Segundo nota divulgada pelo Ibama, “alguns dos animais, como o leão, possuíam certificação de importação emitida pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (Cites), o que legalizaria sua importação e posse no Brasil.” Todavia, a documentação aponta que o leão foi vítima de “caça enlatada”, ou seja, prática em que os animais são criados em cativeiro até atingirem a idade adulta, sendo então liberados em áreas controladas para serem abatidos por caçadores – algo que é permitido em muitos países da África.
Já a girafa não possuía a certificação Cites, o que significa que foi trazida ao Brasil de forma ilegal.
Foto: divulgação Ibama
Infelizmente não é só na África que a caça de animais silvestres é permitida. Em alguns países da Europa e nos Estados Unidos essa atividade é autorizada. E há aqueles lugares onde ela é proibida, mas é realizada de forma criminosa. Recentemente uma operação na Argentina desmantelou uma poderosa rede ilegal de caça.
No Brasil, somente está liberada a caça de controle a uma espécie animal exótica e invasora, o javali-europeu (Sus scrofa) e a seu híbrido, o porco-doméstico (javaporco). A caça de qualquer outro animal silvestre é considerada crime ambiental.
*Texto atualizado em 16/09/24 para incluir o nome do empresário proprietário dos troféus, que não havia sido divulgado inicialmente pelo Ibama
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Foto de abertura: divulgação Ibama
