Piadas grosseiras, assédio, bullying, mulheres usadas na publicidade como objetos sexuais. A lista é imensa e ao longo das últimas décadas, nos acostumamos, ou simplesmente, nos resignamos, a achar que esse tipo de comportamento era normal ou aceitável.
Mas um movimento global ganhou força e voz, principalmente em 2017, quando mulheres decidiram romper o silêncio e denunciar o assédio que vinham sofrendo. Só em outubro daquele ano, havia mais de 12 milhões de citações com a hashtag #MeToo, #EuTambém, em português, no Facebook.
O estopim para o movimento foram as acusações de estupro e assédio sexual de dezenas de mulheres contra o produtor de Hollywood, Harvey Weinstein. O caso, que ganhou as manchetes mundiais, colocou luz sobre o que sempre foi conhecido por todos na indústria cinematográfica. O tal “teste do sofá”, como é chamado aqui no Brasil, e que de engraçado não tem nada, era uma prática comum, não somente no meio da mídia, como em outros também, para que mulheres conseguissem um emprego, depois de serem constrangidas a prestar serviços sexuais a seus futuros – ou não – chefes.
Agora, uma multinacional decide se posicionar contra esse tipo de comportamento inaceitável de alguns homens. A marca de aparelhos de barbear Gillette, do grupo Procter & Gamble, lançou um comercial, nos Estados Unidos, que viralizou rapidamente nas redes sociais e causou grande polêmica. Há gente a favor e (homens furiosos) contra, indignados, pedindo o boicote dos produtos da marca, pois se sentiram insultados com a propaganda.
O filme, que você assiste ao final deste post, é chamado de “The Best Man Can Be” (O Melhor Que os Homens Podem Ser), uma referência a um slogan criado há 30 anos, que pregava “The Best A Man Can Get” (O Melhor Que os Homens Conseguem Ter)
Todavia, segundo a empresa, é só ler as notícias hoje em dia para se dar conta de que os homens não estão fazendo o melhor que podem. Muitos estariam em uma “encruzilhada, entre o passado e uma nova era de masculinidade”. Certamente é hora de mudança, mas alguns ainda não sabem como começar.
De acordo com a Gillette, marcas como ela têm um papel importante nesse momento. Por isso, ela quer promover a imagem de um homem mais tolerante, inclusivo e com um comportamento compatível com os dias atuais.
Com o lançamento do novo comercial, a companhia se compromete a mudar todo seu marketing e deixar para trás o que ela chama de “masculinidade tóxica”, aquela que defendia que fazia parte da natureza de meninos brigarem, por exemplo. A empresa anunciou ainda a doação de US$3 milhões, pelos próximos três anos, em programas de organizações que trabalham pela igualdade de gêneros.
“Diga a coisa certa. Aja da maneira certa”, prega a campanha publicitária.
Até o momento, o comercial já teve 17 milhões de visualizações no YouTube.
https://youtu.be/koPmuEyP3a0
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Fotos: reprodução vídeo