Projeto quer formar mulheres motoristas para acabar com assédio no transporte público no Sri Lanka

Projeto quer formar mulheres motoristas para acabar com assédio no transporte público no Sri Lanka

Assim como no Brasil, onde, infelizmente, o assédio sexual contra as mulheres ainda é frequente no transporte público, como vimos no episódio recente do rapaz que ejaculou dentro do ônibus em uma moça, no Sri Lanka, no sul da Ásia, o problema também existe.

Uma pesquisa naquele país revelou que 90% das mulheres, entre 15 e 35 anos, afirmou ter sido assediada ou sofrido abuso ao utilizar o transporte público. E apenas 4% delas prestou queixa na polícia contra seu agressor. Para tentar mudar esta situação, a organização não-governamental Rosie May Foundation, que trabalha para ajudar e empoderar comunidades carentes, mas sobretudo, jovens mulheres, lançou a campanha de crowdfunding Think Pink Sri Lanka.

O objetivo da iniciativa é dar treinamento de motorista para mães solteiras. Além de contribuir para a geração de renda para estas famílias, a ideia é garantir maior segurança para mulheres que usam os tradicionais tuk-tuks, meio de transporte mais comum e utilizado no Sri Lanka.

As motoristas formadas pelo curso irão dirigir tuk-tuks cor de rosa, assim as passageiras do sexo feminino saberão que neles não sofrerão assédio sexual. O que acontece atualmente, por exemplo, é que muitas mães precisam levar suas filhas para a escola, com medo de deixá-las sozinha, correndo o risco de serem abusadas. Isso faz com que mulheres cheguem atrasadas em seus empregos e muitas vezes, acabem sendo demitidas. Com isso, o ciclo da pobreza nunca termina.

A Fundação Rosie May foi criada pelos pais de uma menina de 10 anos, brutalmente assassinada durante uma festa de Natal, em 2003, na Inglaterra, por um jovem de 17 anos. Os pais Graham e Mary Storrie decidiram então fundar a organização para ajudar jovens mulheres em países pobres do mundo.

Dados das Nações Unidas revelam que entre 30 a 40% das mulheres no Sri Lanka sofrem algum tipo de violência. E cerca de 60% delas são mal tratadas dentro da própria casa. De acordo com movimentos feministas do país, autoridades não investigam estes casos e dão pouca importância a eles.

Entre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela ONU como meta para 2030, está a equidade de gêneros. Garantir acesso à educação, saúde, emprego e representatividade política, econômica e social para homens e mulheres não é somente uma questão de direitos humanos, mas algo essencial para um futuro mais pacífico, próspero e sustentável para o mundo.

Foto: divulgação Pink Think Sri Lanka

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.