George Soros é uma figura polêmica. Nos últimos anos, virou um bode expiatório para os extremistas da direita e da esquerda. Para os primeiros, o imigrante judeu multibilionário, radicado nos Estados Unidos, é acusado de incentivar (e financiar movimentos) pela abertura de fronteiras, apoiar monetariamente candidatos do partido democrata americano e mais recentemente, é apontado em estar por trás do ativismo da jovem estudante sueca Greta Thunberg. Já os esquerdistas, o menosprezam por ele ser um liberal capitalista.
Nascido na Hungria em 1930, quando criança, Soros viveu sob a ocupação nazista em seu país durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1947, abandonou Budapeste e foi para a capital da Inglaterra, onde trabalhou com porteiro ferroviário e garçom para pagar a mensalidade na London School of Economics.
Décadas mais tarde, por volta de 1970, já estabelecido nos Estados Unidos, fundou o Soros Fund Management, fundo de investimentos que o fez um bilionário. Sabe-se, obviamente, que as fortunas conquistadas no mercado financeiro foram todas obtidas através de muita especulação.
Com tanto dinheiro em mãos, George Soros decidiu fazer o bem. Em 1979, fundou a Open Society Foundations. Desde então, a organização já doou mais de US$ 30 bilhões para financiar projetos de pessoas ou entidades, em mais de 120 países, que trabalham com questões ligadas aos direitos humanos, educação, democracia, saúde, discriminação racial e igualdade de gêneros.
Agora, Soros anunciou que vai investir parte de sua fortuna – mais exatamente, US$ 1 bilhão -, para fomentar soluções para combater outro problema: as mudanças climáticas. O filantropo esteve no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e lá afirmou que dará início ao processo de criação da Open Society University Network (OSUN).
A ideia é que a nova universidade seja uma plataforma global, que integre ensino e pesquisa em instituições de ensino superior em todo o mundo, ao oferecer cursos de diferentes países com discussões presenciais e online. Um dos principais objetivos é promover os valores da sociedade aberta – incluindo a liberdade de expressão e a diversidade de crenças.
Além do foco na crise climática, a universidade também pretende combater o autoritarismo.
“Como estratégia de longo prazo, nossa melhor esperança reside no acesso a uma educação de qualidade, especificamente uma educação que reforce a autonomia do indivíduo, cultivando o pensamento crítico e enfatizando a liberdade acadêmica”, ressaltou Soros. “Considero a Open University University Network o projeto mais importante e duradouro da minha vida e gostaria de vê-la implementada enquanto ainda estou por perto”, que está com 89 anos.
A Universidade da Europa Central (CEU), fundada também por Soros, e o Bard College formarão o núcleo da nova rede. Já está fechada ainda uma parceria com a Arizona State University, líder mundial em ensino a distância, e outras instituições em todo o mundo, como a Universidade Americana da Ásia Central, no Quirguistão, e a Universidade BRAC, em Bangladesh.
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Foto: reprodução Facebook Open Society Foundations