Os incêndios de 2020 foram um dos piores da história do Pantanal. O fogo queimou quase 30% do bioma e estima-se que 17 milhões de animais morreram. E muitos daqueles que não perderam a vida, ficaram gravemente feridos ou órfãos. Foi o caso de dois gatos-mouriscos (Herpailurus yagouaroundi), um macho e uma fêmea, encontrados sozinhos, ainda filhotes, por um morador da região de Rondonópolis, no Mato Grosso.
Resgatados por uma equipe da Coordenadoria de Fauna da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), eles não poderiam ser soltos na natureza porque ainda eram muito jovens e certamente não sobreviveriam. Foram levados então para pousada Rio Mutum, em Barão de Melgaço, que faz o acolhimento de animais.
Durante os últimos quase três anos os gatos-mouriscos passaram por um processo de reabilitação e treinamento gradativo para poderem ser reintroduzidos na vida livre. Foi um trabalho que contou com a parceria da organização Ampara Silvestre.
Jorge Salomão, médico veterinário da ONG, explica que, no logo no início, quando eram filhotes, eles foram amamentados, mas quando já estavam maiores começaram a receber porções de carne batida até que, em um certo momento, começaram a se alimentar com presas vivas.
Durante todo o tempo que passaram em cativeiro também existiu o cuidado para que houvesse o menor contato possível com seres humanos.
E na última quinta-feira (09/03) chegou a hora de, finalmente, abrir a porta do recinto e permitir que os gatos-mouriscos vivam em liberdade.
Optou-se pelo que se chama de soltura branda. “Ela ocorre no mesmo local em que os gato-mouriscos foram cuidados. Nós abrimos o recinto em que os felinos estavam abrigados e eles vão ficar ali transitando até o momento de irem embora sozinhos”, explica Waldo Troy, gerente de Fauna da Sema.
De acordo com a Lista Nacional de Espécies Ameaçadas, o gato-mourisco é considerado “vulnerável” à extinção. No Brasil ele também é chamado de jaguarundi, gato-vermelho ou gato-preto.
Com o corpo delgado e alongado, esse felino tem a cabeça pequena e achatada, as orelhas curtas e arredondadas, pernas curtas e uma cauda muito longa. Possui coloração variando do preto ou castanho escuro ao avermelhado.
De acordo com o Instituto Pró-Carnívoros, os indivíduos de coloração mais escura estão comumente associados a florestas enquanto que os mais claros são encontrados em ambientes mais secos.
Com hábitos diurnos, costuma-se alimentar de pequenos mamíferos, répteis e aves terrestres.
*Com informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso
Leia também:
Anta, gato-mourisco e maracajá, onça-parda e macaco-prego-de-crista são registrados novamente no sul da Bahia
Apoena deve se despedir em breve da mãe, a onça Amanaci, para ser preparado para sua soltura no Pantanal
Em novo registro, Ousado se mostra forte e saudável, um ano após tragédia da qual ele se tornou símbolo no Pantanal
Foto de abertura: Waldo Troy/Sema-MT