Em um ato histórico, o presidente francês Emmanuel Macron assinou uma lei em que proíbe novos contratos de exploração de gás e petróleo e o encerramento de toda e qualquer atividade do setor na França e em seus territórios até 2040.
Com isso, o país será o primeiro da Europa e do mundo a dar um basta na exploração de combustíveis fósseis. A queima destes – gasolina, diesel, gás – é apontada por cientistas como a principal responsável pela emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, provocando o aquecimento da superfície da Terra.
Além disso, Macron tornou permanente a proibição ao fracking na França. A técnica de “fraturamento hidráulico” é utilizada para realizar perfurações para a extração de gás de xisto, atingindo profundidades até então inalcançáveis em rochas sedimentares no subsolo da terra.
Estudos alertam, entretanto, que o processo de fracking deixa resíduos potencialmente cancerígenos, gerando assim contaminação do solo, ar e lençóis de água subterrânea.
Em sua conta no Twitter, o presidente francês escreveu “Muito orgulhoso da França ter se tornado hoje o primeiro país do mundo a banir novas licenças de exploração de petróleo com efeito imediato e de toda e qualquer atividade a partir de 2040”.
Desde que Barack Obama deixou a Casa Branca, Emmanuel Macron vem se esforçando para fazer com que a França tome a liderança global na luta contra as mudanças climáticas. Enquanto Donald Trump renega qualquer evidência científica que comprove a ação do homem sobre o clima, o presidente francês convidou cientistas do mundo inteiro a trabalharem em seu país para realizar novas pesquisas sobre o tema.
Em uma clara alfinetada ao presidente americano, Macron utilizou a hashtag #MakeOurPlanetGreatAgain – #TorneNossoPlanetaMaravilhosoDeNovo – título oficial do programa climático do governo francês. Durante toda sua campanha à presidência e quando assumiu o cargo, Trump repetiu várias vezes que iria #MakeAmericaGreatAgain, na tradução para o português, #TornarOsEstadosUnidosMaravilhosoDeNovo.
No começo de dezembro, a adminstração do governo Trump anunciou o corte de áreas de proteção de dois monumentos nacionais, ambos localizados no estado de Utah, na costa oeste do país. A redução total chega a quase 1 milhão de hectares de terras protegidas, a maior reversão federal deste tipo já feita na história dos Estados Unidos. A intenção do presidente americano é abrir estas terras para a exploração de minério e gás. A região é lar de cinco etnias indígenas, além de preservar espécies ameaçadas de extinção e sítios arqueológicos.
Caminhando rumo ao outro lado da história – um futuro mais verde e sustentável -, recentemente o Banco Mundial anunciou o fim de financiamento a combustíveis fósseis a partir de 2019. O presidente da instituição afirmou que a prospecção e a extração de petróleo e gás não terão mais seu apoio e que, já no ano que vem, serão reportadas as emissões geradas por projetos financiados por ela no mundo todo (leia mais neste post).
Apesar da França ter uma produção simbólica de petróleo, se comparada a outros países, algo em torno de 815 mil toneladas por ano, Macron faz história e dá exemplo ao mundo.
Foto: Cop21 United Nations Climate Negotiation