Banco Mundial anuncia fim de financiamento a combustíveis fósseis a partir de 2019


O presidente do Grupo Banco Mundial, Jim Yong Kim, anunciou ontem, 12/12, que a instituição cessará o financiamento a atividades de prospecção e extração de petróleo e gás a partir de 2019 e que passará a reportar, já no ano que vem, as emissões geradas pelos projetos que financia no mundo todo.

O anúncio foi feito em conjunto com o secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura do One Planet Summit, a cúpula climática convocada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, para celebrar os dois anos da assinatura do Acordo de Paris (enquanto isso, no Brasil, celebramos esse aniversário com subsídio multibilionário a petroleiras!).

No encontro, Macron afirmou que o mundo está “perdendo a batalha” contra a mudança climática e exortou países, governos locais e corporações a agir mais depressa. Celebridades do mundo ambiental, como o ex-secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o presidente da Tesla, Elon Musk, compareceram à reunião.

A restrição anunciada pelo Bird afeta as chamadas atividades upstream, ou seja, o que ocorre antes do refino e da distribuição.

Segundo o banco informou, somente serão financiados projetos do tipo em “caráter excepcional” e em países muito pobres, nos quais o investimento tenha comprovadamente efeito no acesso à energia.

A medida tem caráter sobretudo simbólico, já que o grosso do investimento público em exploração de petróleo, hoje, é feito por bancos e agências nacionais de desenvolvimento, como os da China, que têm US$ 20 bilhões investidos somente no pré-sal. Segundo a campanha The Big Shift, que busca acelerar a transição para além dos combustíveis fósseis, entre 2015 e 2016 o Banco Mundial investiu apenas US$ 1 bilhão por ano nessas atividades.

No entanto, o movimento do banco foi saudado por ambientalistas como mais um acorde da marcha fúnebre do petróleo, já que é a primeira vez que uma instituição como o Bird, porta-voz da ortodoxia econômica global, adota uma medida do tipo.

“Isso é um grande passo à frente para o Banco Mundial fazer jus à sua retórica de apoio ao Acordo de Paris”, disse Jon Sward, porta-voz da Big Shift. “Esse anúncio manda um sinal claro para outros bancos de desenvolvimento públicos de que a mudança climática precisa ser levada a sério.”

Em sua fala durante uma das mesas-redondas da cúpula em Paris, a CEO do banco, Kristalina Georgieva, foi aplaudida ao dizer que é “absolutamente inaceitável” que subsídios a combustíveis fósseis permaneçam em tantos países.

Enquanto isso, em Brasília, o Senado aprovava uma ampliação maciça dos subsídios à indústria do petróleo.

Este texto foi originalmente publicado no site do Observatório do Clima em 13/12/2017

Foto: Creative Commons/Pixabay

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Observatório do Clima

Fundado em 2002, o OC é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com mais de 70 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil