A descoberta da nova espécie da flora brasileira se deu por acaso. Era 2021 e Ray Lopes estava fazendo uma expedição de campo, parte de seu mestrado, na Serra do Cachimbo, na divisa do Pará com o Mato Grosso. Entre as diversas plantas coletadas para estudos posteriores estava uma com talos finíssimos, de cerca de 20 centímetros de altura, e delicadas flores lilases, que nascia em um solo de areia branca.
Três anos depois, Ray e os demais envolvidos naquela expedição assinam um artigo científico em que descrevem a descoberta de uma nova espécie de planta carnívora na Amazônia, a Philcoxia cachimboensis – aquela mesmo, das pequenas flores cor de lilás.
“Philcoxia é um gênero endêmico do Brasil, que ocorre em áreas de areia branca, principalmente no Cerrado e Caatinga, no leste do país, então foi uma surpresa encontrar ela na borda da Amazônia com o Cerrado“, revela o discente de doutorado do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Foto: Pedro Lage Viana
Apesar da aparência delicada e inofensiva, a Philcoxia cachimboensis é uma planta carnívora. Suas minúsculas folhas arredondadas, com no máximo 2 milímetros, ficam embaixo da areia e são usadas por ela para prender e absorver nematoides (vermes).
Ainda segundo Ray, essas plantas são bastante raras, com pouquíssimas amostras em herbários. E os espécimes do Pará só foram encontrados em duas localidades, nos municípios vizinhos de Novo Progresso e Altamira.
“Nós não conseguimos indicar a categoria de status de conservação, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN)”, afirma o discente. “Mas há algumas espécies do mesmo gênero que são criticamente ameaçadas de extinção, como a Philcoxia minensis“, ressalta.
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Foto de abertura: Pedro Lage Viana
