Apesar de algumas pessoas ainda negarem sua existência, as mudanças climáticas estão deixando rastros de destruição pelo planeta, cada vez com maior frequência e intensidade. E claro que os alimentos são afetados. Secas intensas, ventos fortes, chuvas longas, geadas e tempestades de granizo arrasam colheitas.
Além disso, o aquecimento global – resultado das alterações do clima – tem provocado grandes desafios para quem lida com o campo como manter as culturas bem irrigadas ou liquidar com parasitas cada vez mais fortes, que se espalham graças a temperaturas muito quentes.
Além de tudo isso, a agronegócio registra altas emissões de gases de efeito estufa – não só por conta do uso de combustíveis fosseis (tratores, caminhões etc) e de fertilizantes (mais conhecidos como agrotóxicos), como também pelo gás metano emitido pela pecuária e pelo manejo do solo -, ganhando o quinto lugar no ranking dos mais poluidores.
Se nada for feito para reduzir as emissões globais, em 2100 a temperatura média poderá chegar a 5°C e, até lá, os extremos do clima poderão ser mais frequentes, causando ainda mais danos á produção global de alimentos. É vital limitarmos o aquecimento a 2°C, o que ainda poderá resultar em consequências graves para nós e as gerações futuras.
Por isso, nossas escolhas são tão importantes. O que decidimos colocar no prato pode alterar esse cenário para melhor ou pior. Ou seja, o que comemos tem ligação direta, sim, com o aquecimento global e a crise ambiental pela qual passa o planeta.
Assim, não é exagero dizer que o alimento é causa, vítima e possível solução para as mudanças do clima. E é disso que fala a nova campanha do Slow Food, movimento mundial que luta por “um mundo onde todos possam ter acesso e consumir alimentos bons para quem come, bons para quem produz e bons para o planeta” e se baseia em três princípios: bom, limpo e justo.
A campanha Food For Change (Alimento de Mudança, em tradução livre) foi criada com o intuito de ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas em 160 países e garantir um futuro melhor para a humanidade. Trata-se de um projeto de doações que viabilizará soluções simples e eficazes a partir de ações cotidianas em apoio a projetos internacionais do Slow Food. Esse movimento mantém redes que promovem “o fortalecimento de economias locais limpas, cadeias de produção justas e produtos que fazem parte do patrimônio cultural e alimentar”.
E como isso pode ser feito? Com doações que serão utilizadas para desenvolver projetos de apoio a agricultores, criadores e pescadores de pequena escala que garantam a produção de alimento, bom, limpo e justo. Ou seja, de um alimento sustentável em todos os seus aspectos. Ou seja, um alimento de mudança, que respeita o meio ambiente e o clima de nosso planeta.
Topa participar?
Para provar que o trabalho desenvolvido pelo movimento Slow Food tem impacto importante nas regiões em que atua, basta dizer que, em 2017, as doações recebidas dos apoiadores do Slow Food tornou possível:
- 732 novos produtos “embarcaram” na Arca do Gosto, oriundos de mais sete países. Pra quem não conhece, a Arca é um catálogo mundial criado pelo Slow Food em 1996, que resgata sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção e que têm potencial produtivo e comercial. Até agora, mais de mil produtos de dezenas de países foram integrados ao catalogo;
- 356 novas hortas foram plantadas em 35 países da África, envolvendo cerca de 60 mil pessoas;
- 23 novas Fortalezas, mais dois países participantes, mais de 500 novos produtores que se juntam aos 18 mil já envolvidos no projeto. Fortalezas são projetos lançados pelo Slow Food em 1999 para assessorar os pequenos produtores, “conectando-os com mercados alternativos, mais sensíveis à sua situação e que valorizam seus produtos”.;
- 308 profissionais se uniram à Aliança de Cozinheiros Slow Food, acrescentando cinco países ao grupo. Essa aliança foi criada em 2006, na Itália, com o objetivo de “divulgar e promover as Fortalezas, mas também de envolver o mundo da gastronomia na batalha pela defesa da biodiversidade, estimulando os cozinheiros a estabelecer uma relação direta com os pequenos produtores”;
- 9 Mercados da Terra foram abertos, totalizando 63, que envolvem 1.800 produtores. Esses mercados são feiras promovidas por produtores, “estabelecidas de acordo com diretrizes que seguem a filosofia do Slow Food. Administradas pela comunidade, são importantes pontos de encontro social, onde produtores locais vendem alimentos de qualidade diretamente ao consumidor, por preços justos e produzidos com métodos ambientalmente sustentáveis”. E mais: preservam a cultura alimentar local e contribuem para a defesa da biodiversidade.
- Foi criado o Slow Travel no estado da Caríntia, na Áustria. Também foi lançada uma Slow Fish – que valoriza a pesca artesanal – no Caribe;
- Na Europa, o Slow Food lançou campanha (PAC) contra o uso de neonicotinoides e glifosato, e foi dada continuidade à campanha de conscientização sobre as mudanças climáticas.
- O Slow Food também apoiou 370 comunidades indígenas em 86 países.
Ufa! Muitas ações interessantes e de impacto positivo pelo mundo. Agora, assista ao vídeo da campanha Food For Change e participe!
Ilustração: Reprodução do vídeo