O que era para ser uma notícia a ser comemorada, traz junto uma revelação alarmante. Este ano a região da Flórida, nos Estados Unidos, conhecida como Space Coast, dada a proximidade com a sede da Nasa, registrou um número recorde de ninhos de tartarugas marinhas, cerca de 52 mil, o triplo em comparação a 2022.
Entretanto, especialistas de organizações que monitoram a reprodução das tartarugas marinhas, como a Sea Turtle Preservation Society, afirmam que 99% dos filhotes nascidos são fêmeas.
“As alterações climáticas continuam a ameaçar tanto o habitat das tartarugas como a sua capacidade de manter uma população no futuro. Não só o aumento do nível do mar está destruindo as praias onde as tartarugas nidificam, como o aquecimento do clima está causando o nascimento de um número desproporcional de fêmeas, uma vez que o gênero delas é determinado pela temperatura”, explica Joel Cohen, diretor de comunicação da organização.
Um dos fatos mais interessantes da reprodução das tartarugas marinhas é, justamente, como o sexo do filhote é definido. É a temperatura da areia que vai estabelecer se nascerá um filhotinho ou uma filhotinha. Temperaturas acima de 29,3ºC produzem mais fêmeas e abaixo de 29,3 ºC machos.
Vale lembrar que este ano a Flórida – assim como o mundo todo – enfrentou uma onda extrema de calor e a temperatura da água do mar chegou a mais de 38 graus, um recorde.
Um estudo da Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) já tinha feito um outro alerta sobre um boom no nascimento de tartarugas-verdes do sexo feminino. O levantamento realizado com um grupo de 200 mil Chelonia mydas, na região ao norte da Grande Barreira de Corais, na Austrália, o mais importante local de desova da espécie no mundo, apontou que, por causa do calor, 99% dos novos filhotes eram fêmeas.
Ainda não se sabe qual será o impacto a longo prazo para as futuras gerações de tartarugas. Cohen lembra que esses animais são extremamente resilientes e nos Estados Unidos tem se observado que elas estão rumando para locais mais frios, ao norte. Também já foi documentado que algumas nidificaram mais cedo no ano, quando as temperaturas são mais brandas.
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Foto de abertura: Joel Cohen / Sea Turtle Preservation Society