
Durante os primeiros meses de vida, o urso polar (Ursus maritimus) vive dentro de tocas no meio do gelo do Ártico. Esses animais geralmente nascem no final de dezembro, pesando cerca de 500 gramas. Sem pelos e cegos, são aquecidos pelo calor da mãe e outros irmãos. E contam com a amamentação para o seu desenvolvimento. O leite materno é composto de 30% de gordura e quando o filhote estiver pronto para explorar o mundo pela primeira vez, no começo da primavera, ele já estará pesando aproximadamente 10 kg.
Pesquisadores acabam de entender um pouco mais sobre essa incrível jornada da natureza ao documentar, em vídeo, pela primeira vez, filhotes de ursos polares saindo de suas tocas em Svalbard, na Noruega. E isso só foi possível com a combinação de colares de rastreamento por satélite, colocados nas fêmeas, com a instalação de armadilhas fotográficas remotas para monitorar a movimentação das mesmas.
Durante um período de seis anos, entre 2016 e 2020, e novamente, em 2023, os cientistas instalaram colares de satélite GPS em ursas polares. Os dados obtidos com esses equipamentos revelaram não apenas suas localizações, mas também suas atividades e temperaturas.
“Este estudo fornece um raro vislumbre de um dos períodos mais vulneráveis e críticos na vida de um urso polar, o que pode nos ajudar em nossos esforços coletivos de conservação”, diz Megan Owen, vice-presidente de Ciência da Conservação da Vida Selvagem na San Diego Zoo Wildlife Alliance, uma das instituições envolvidas no monitoramento. “Ao combinar tecnologia inovadora com pesquisa de longo prazo, estamos obtendo uma compreensão mais profunda dos desafios que as mães e filhotes de ursos polares enfrentam em um Ártico em rápida mudança. Proteger habitats de tocas é essencial para a saúde da população”, acrescenta.
Apenas aproximadamente 50% dos filhotes de urso polar atingem a idade adulta. E durante os dois primeiros anos de vida, a hibernação na toca, durante os meses de inverno, é essencial para garantir sua sobrevivência.

Foto: BJ Kirschhoffer / Polar Bears International
Com alguns metros de profundidade, as tocas têm apenas duas aberturas: uma no teto para ventilação e outra para a saída, quando a temperatura começa a esquentar, o que pode variar entre fevereiro e abril, dependendo da região do Ártico.
“Mães ursos polares estão tendo dificuldades crescentes para se reproduzir devido às mudanças climáticas, e provavelmente enfrentarão mais desafios com a expansão das atividades humanas no Ártico”, alerta Louise Archer, autora principal do estudo, recém-publicado na The Wildlife Society, e pesquisadora da Polar Bears International.

Foto: Kt Miller / Polar Bears International
Uma das descobertas feitas pelos pesquisadores é que, em alguns casos, as fêmeas trocaram de toca, deixando as originais para trás e mudando sua família para uma nova. Muito raramente os filhotes saem desses abrigos sozinhos, dependendo inteiramente na presença da mãe até, em média, os dois anos e meio de idade.
Em geral, após a primeira saída da toca, os ursos ficavam perto dela por cerca de 12 dias, para só então, percorrerem distâncias mais longas.
*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação da Polar Bears International
———————-
Acompanhe o Conexão Planeta também pelo WhatsApp. Acesse este link, inscreva-se, ative o sininho e receba as novidades direto no celular
Leia também:
Soneca de urso polar conquista o coração e os votos de internautas no Wildlife Photographer of the Year People’s Choice Award
Cientistas celebram crescimento de subpopulação de urso polar no Ártico
Falta de gelo deixa urso polar sem energia
Ao passar mais tempo em terra por causa do aquecimento do Ártico, fome ameaça sobrevivência de ursos polares
Foto de abertura: Steven Armstrup / Polar Bears International