Em 2020, pesquisadores da Noruega anunciaram que testes indicaram que o uso de uma pá pintada de preto em turbinas eólicas conseguia reduzir em 70% a morte acidental de pássaros. Segundo eles, a pá de cor diferente perturbaria a “uniformidade visual do espaço aéreo”, tornando essas estruturas mais visíveis para os pássaros e fazendo com que eles as evitassem.
Apesar do excelente resultado obtido com o experimento, ele foi feito em pequena escala. Agora, para se ter certeza de que essa estratégia é realmente eficiente e possa ser transformada em exigência no mercado da energia eólica, cientistas de diversos países estão fazendo estudos mais amplos.
Entre as instituições focadas em obter novos dados está a Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos. Em parceria com a empresa PacifiCorp, 28 turbinas tiveram uma de suas pás pintadas de preto na fazenda eólica no estado de Wyoming.
“A indústria e os cientistas na América do Norte acreditam que antes de isto se tornar uma mudança política, deveríamos replicar, ampliar o tamanho da amostra e analisar diferentes espécies de aves para garantir que seja eficaz e que não haja quaisquer efeitos negativos”, diz Christian Hagen, pesquisador chefe do Departamento de Pesca, Vida Selvagem e Ciência da Conservação da universidade.
A energia eólica, obtida a partir da energia cinética dos ventos que movimenta as pás e ativa os aerogeradores (turbinas), é uma das grandes apostas para uma economia mais verde e sustentável, que não dependa da queima de combustíveis fósseis, apontados como os principais responsáveis pelo aquecimento global.
Todavia, um dos principais problemas decorrentes da instalação de enormes turbinas eólicas é a morte acidental de aves, que colidem com essas gigantes pás e seus motores.
No estudo na fazenda em Wyoming, os pesquisadores querem comparar também a reação de diferentes espécies, como águias, falcões ou morcegos, com diferentes hábitos – os primeiros voam mais durante o dia e os últimos apresentam maior atividade de noite -, diante das pás pretas.
“Este estudo é particularmente rigoroso e abrangente devido à sua incorporação da altitude como uma terceira dimensão na análise, capturando a dinâmica de voo vertical frequentemente negligenciada em estudos tradicionais”, explica Natia Javakhishvili, uma das pesquisadoras envolvidas no trabalho. “Esta análise detalhada nos ajuda a entender como as aves voam em torno de turbinas e outras infraestruturas, como estradas e linhas de energia, o que, por sua vez, nos ajuda a desenvolver melhores estratégias para protegê-las.”
*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação da Oregon State University
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Foto de abertura: divulgação PacifiCorp