Apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendar o consumo diário de 44 a 55 gramas de proteína, em muitos países, esse número é muito maior. A população do Reino Unido ingere, por exemplo, em média, 64 a 88 gramas, dos quais 37% são provenientes da carne.
Infelizmente, alguns estudos já sugerem que a nossa fome insaciável por carne está destruindo o planeta. Vastas áreas da Terra foram transformadas em plantações de soja e outros cultivos para alimentar vacas, bois, galinhas, porcos e outros animais, os grandes favoritos em nossos pratos nas últimas décadas.
De acordo com um levantamento realizado pelo WWF, em 2017, 60% das perdas da biodiversidade são provocadas pela nossa dieta baseada, sobretudo, em laticínios, carne e alimentos processados. Entre as regiões que sofrem a maior pressão estão a Amazônia, a Bacia do Congo e o Himalaia.
Por essas razões acima, é preciso rever o que colocamos em nosso prato. E estimular as crianças, desde cedo, a substituir a carne por outros alimentos mais sustentáveis e tão (ou mais) sabororos quanto a proteína de origem animal.
Em Nova York, a mudança de comportamento começará pelas escolas públicas. O prefeito Bill De Blasio (sim, o mesmo que entrou com ação judicial contra cinco companhias petrolíferas por causa das mudanças climáticas e proibiu o uso e a venda de embalagens, pratos e copos de isopor ) anunciou que a partir de setembro, quando começa o ano escolar 2019/2020, nos Estados Unidos, o cardápio das segundas-feiras não terá mais carne.
Como naquele país, as escolas públicas têm horário integral, ou seja, as crianças almoçam nos colégios, em Nova York, no primeiro dia da semana, os alunos só terão opção de pratos vegetarianos.
“Reduzir um pouco o consumo de carne vai melhorar a saúde dos novaiorquinos e reduzir as emissões de gases de efeito estufa“, disse De Blasio, em entrevista coletiva. “Estamos expandindo as segundas-feiras sem carne para todas as escolas públicas para manter nossas refeições e o planeta mais verdes para as próximas gerações”.
Primeiramente, o programa “Segunda Sem Carne” passou por um teste em 15 escolas da cidade. Como foi bem sucedido, será implementado nas demais.
Especialistas da área de saúde afirmam que dietas ricas em alimentos de origem vegetal estão associadas com menor risco de obesidade e surgimento de doenças como hipertensão, problemas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer.
De Blasio, em encontro com alunos das escolas de NY
Mais vegetais, menos carne e açúcar
Em janeiro, um estudo publicado por 30 cientistas internacionais, no renomado jornal inglês The Lancet, alertou que, para garantir comida na mesa para uma população global que cresce a cada dia, será necessária uma mudança radical na maneira como nos alimentamos.
Depois de uma análise que levou três anos, a recomendação dos pesquisadores é por uma dieta baseada principalmente em vegetais, com consumo esporádico de carne e açúcares.
“Proporcionar à crescente população global dietas saudáveis a partir de um cultivo de alimentos sustentável é um desafio imediato. Embora a produção global de calorias acompanhe o crescimento populacional, mais de 820 milhões de pessoas têm alimentos insuficientes e muitas mais consomem dietas de baixa qualidade, que causam deficiências de micronutrientes e contribuem para um aumento substancial na incidência da obesidade, do diabetes e das doenças coronarianas”, alertaram os cientistas no artigo (leia a matéria completa aqui ).
O movimento “Segunda Sem Carne”
Apenas um dia da semana sem comer carne. Será muito sacrifício? Não, né ? Esta é a proposta da campanha Segunda Sem Carne, lançada pelo ex-beatle Paul McCartney, em 2009.
A ideia é que as pessoas deixem de consumir frango, peixe, queijo ou ovo (ou seja, proteínas de origem animal) toda segunda-feira. “Designar um dia da semana no qual se deixa de ingerir carne é uma mudança significativa que todos podem adotar e que vai ao cerne de várias questões importantes, políticas, ambientais e éticas, todas ao mesmo tempo”, disse o cantor na época. “Com esta mudança de hábito, fazemos uma contribuição significativa para um mundo mais limpo, sustentável e saudável”.
Vegetariano, Paul McCartney é um ativista ambiental, defensor da agricultura orgânica. Graças à sua campanha, milhões de crianças em escolas do Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Finlândia, Bélgica, África do Sul e – Brasil – não comem carne nas segundas-feiras. Em São Paulo, a Segunda Sem Carne faz parte da merenda escolar das Secretarias Estadual e Municipal de Educação, contemplando 3 milhões de alunos.
Quer saber mais sobre esse movimento? Acesse a página da Sociedade Vegetariana Brasileira.
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Foto: U.S. Department of Agricultura/Creative Commons/Flickr
Seremos carnívoros sempre que guardarmos como relíquia a receita do Pato no tucumi que a titia já falecida deixou de herança ou sempre que comemorações familiares festivas não dispensarem a feijoada que a vovó preparava para a família, aquele caldo preto onde ficam boiando pedaços de orelhas, rabos, lombo e costelinha que as pessoas não se importam nada de comer e servir. Seremos carnívoros todos os dias do ano se não soubermos almoçar sem algum pedaço de cadáver no prato e teremos vergonha de convidar amigos sem que animais mortos façam parte da refeição. O que diriam eles, não é mesmo? O que diria nossa titia e vovó se não continuássemos a tradição delas, abolindo do cardápio justamente o que elas mais apreciavam e faziam questão? Seremos carnívoros enquanto essa forma obsoleta e arcaica de comer nos continue identificando como glutões insaciáveis por carne, que não conseguiram pesquisar, seja por preguiça, falta de tempo e de vontade, seja por motivação ou relaxamento, essa forma de nutrir-se sem matar e esquartejar seres que a prepotência e presunção classificou de inferiores, mas que são tão ou mais superiores quanto a egoísta e arrogante espécie humana; essa, a nossa, que à despeito dos milênios continua se reunindo ao redor de crematórios de animais para curtir uma churrascada básica, à semelhança de bárbaros que disputavam nacos da caça ao redor das fogueiras. Felizmente porém brilham novas estrelas no céu de todas as pátrias, porque bebês estão nascendo para ensinar aos pais que animais são amigos, não comida. Dobram sinos em favor da Vida, não apenas a vida da espécie humana, nem sempre merecedora de respirar sem remorso e sem culpa, sem crueldade e desamor. Felizmente celebridades nacionais e internacionais estão arrastando fãs e seguidores para esse caminho bendito e sem sangue, onde se vive sem matar nem ser morto e felizmente escolas estão se transformando em templos, onde parece, por causa do respeito e compaixão ensinados e aprendidos, Deus, ali, mais está.