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Escavadeiras hidráulicas intensificam a destruição da Amazônia e a violência contra povos indígenas, revela relatório

Escavadeiras hidráulicas intensificam a destruição da Amazônia e a violência contra povos indigenas, revela relatório

Nos últimos quatro anos, a Amazônia foi destruída numa velocidade nunca vista e isso aconteceu não apenas devido à posição favorável do governo anterior à criminalidade – desestruturou órgãos ambientais, acabando com a fiscalização e as multas e apoiou o garimpo ilegal -, mas, também, aos equipamentos altamente sofisticados utilizados por garimpeiros, em especial em terras indígenas.  

É o que revela o relatório Parem as Máquinas! Por uma Amazônia Livre de Garimpo (nesse link também está a petição ‘Amazônia Livre de Garimpo’: assine!) produzido pelo Greenpeace Brasil, em parceria com o Greenpeace do leste asiático, que denuncia a presença ostensiva de escavadeiras hidráulicas na Amazônia (cada uma custa 1 milhão de reais!) e a ameaça que representam para os povos indígenas. 42% delas são da empresa coreana Hyundai!

O levantamento inédito foi lançado ontem, 12/4, nas redes sociais e por meio de uma ação pacífica na porta da fábrica da Hyundai, em Itatiaia, no Rio de Janeiro. 

Escavadeiras hidráulicas intensificam a destruição da Amazônia e a violência contra povos indigenas, revela relatório
Em frente à fábrica da Hyundai – maior fornecedora de escavadoras para o garimpo ilegal na Amazônia -, em Itatiaia, Rio de Janeiro, ativistas protestaram pacificamente / Foto: Tuane Fernandes

Acompanhados por um balão inflável, que simulava uma escavadeira, além de elementos cenográficos como lama, sangue e barrasde ouro que simbolizavam os danos causados pelas máquinas, ativistas do Greenpeace Brasil lideranças indígenas exibiram faixas com as mensagens Amazônia Livre de GarimpoParem as Máquinas! e Fora Garimpo

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Para marcar este dia, o relatório também foi entregue na fábrica da empresa na Coreia do Sul (em Ulsan, a 500 km de Seul) aos cuidados dos executivos.

Retrato dramático

De acordo com o estudo realizado pelas duas organizações, as escavadeiras têm imprimido velocidade assustadora à destruição da floresta amazônica: imagine que, em 24 horas, uma única máquina faz o trabalho que três homens levariam 40 dias para fazer! 

Escavadeiras hidráulicas intensificam a destruição da Amazônia e a violência contra povos indigenas, revela relatório

De 2021 até agora foram identificadas 176 escavadeiras ilegais em três Terras Indígenas: Kayapó (PA), Munduruku (PA) e Yanomami (RR/AM), que respondem por 90,3% da área garimpada atualmente na Amazônia, segundo o Instituto Socioambiental (ISA).

As primeiras notícias da “invasão” dessas máquinas surgiram em 2010; e “lideranças Munduruku relatam ter visto as primeiras escavadeiras dentro do território em 2014”, conta o relatório. Mas foi com Bolsonaro que as escavadeiras proliferaram.

Escavadeiras hidráulicas intensificam a destruição da Amazônia e a violência contra povos indigenas, revela relatório
Destruição na Terra Yanomami, em Roraima, em abril de 2021 / Foto: Christian Braga/Greenpeace Brasil

Em 2021, o projeto Mapbiomas revelou que a área garimpada nas Terras Indígenas brasileiras havia aumentado 625% em relação a 2010. No ano passado, o Greenpeace Brasil denunciou a presença desses equipamentos, pela primeira vez, no alto rio Catrimani, na Terra Yanomami. Em março deste ano, de acordo com o relatório, havia 88 escavadeiras no território do povo Kayapó.

Do total de máquinas que destroem terras indígenas na Amazônia, 75 (cerca de 42%) são da marca sul-coreana Hyundai (HCE Brasil), 25 da LiuGong e 20 da Caterpillar, e as demais (56) levam a assinatura da Volvo (Suécia); Sany (China); John Deere (EUA); Komatsu (Japão); Link-Belt (EUA); XCMG (China); Case (EUA); e New Holland (EUA).

E o que elas têm a ver com isso? Tudo! Já não é mais possível dizer que essas empresas não têm responsabilidade e tão pouco sabem o destino que seus clientes dão aos equipamentos que compram. Toda empresa, aliás, é responsável pela cadeia de fornecedores e clientes que envolve o seu negócio. Por isso, o apelo do Greenpeace – Parem as Máquinas! – é para que essas empresas parem de comercializar seus equipamentos sem pesquisar antes quem é o interessado.

Assim, podemos dizer que tem sangue indígena nas mãos dos executivos da Hyundai e das empresas listadas pelo relatório do Greenpeace. E que é urgente que elas se manifestem e tomem providencias para que esses criminosos não tenham mais acesso a equipamentos tão sofisticados e continuem devastando a Amazônia.

Escavadeiras hidráulicas intensificam a destruição da Amazônia e a violência contra povos indigenas, revela relatório
Sobrevoo em terras indigenas Munduruku e Sai Cinza, no Pará / Foto: Chico Batata/Greenpeace Brasil

A presença das escavadeiras define o “retrato dramático que o garimpo ilegal causa nesses locais”, destaca o Greenpeace Brasil: “Os Yanomami sofrem com malária e desnutrição; e os Kayapó e os Munduruku são vítimas da contaminação por mercúrio, que tem afetado principalmente mulheres e crianças”. 

E a organização acrescenta: “Todos esses povos sofrem ainda com o assoreamento e morte dos rios, trabalhos forçados, violências (física, psicológica, sexual) e a desestruturação social que o garimpo provoca nas aldeias e comunidades”.

Destruição na Terra Yanomami, em Roraima, em abril de 2021 / Foto: Christian Braga/Greenpeace Brasil

Aliança em Defesa dos Territórios

Devido à essa terrível realidade, em agosto de 2021, durante o acampamento Luta pela Vida, em Brasília, lideranças dos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami se uniram para escrever um documento em repúdio à atividade garimpeira: ‘Terra Rasgada: como avança o garimpo na Amazônia brasileira’.

carta-manifesto foi assinada por nove organizações indígenas e gestou a proposta da Aliança em Defesa dos Territórioscoalizão de luta contra o garimpo ilegal, que tem o apoio de instituições como o Instituto Socioambiental (ISA) e o Greenpeace Brasil.

Esse movimento se desenvolveu ao longo de 2022 em ações promovidas pelas lideranças desses povos em seus territórios, em mobilizações nas capitais e, ainda, fora do Brasil. E produziu registros importantes – o dossiê indicado acima – e um documentário: Escute: a terra foi rasgada!

Visão desoladora em sobrevoo na Terra Indígena Yanomami / Foto: Christian Braga/Greenpeace Brasil

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Com informações do Greenpeace Brasil

Foto (destaque): Christian Braga/Greenpeace Brasil

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