
No dia em que o Ministério do Meio Ambiente completou 28 anos, o “presente” foi apagar o passado. O órgão comemorou a data na quinta-feira (19/11) lançando um novo site, que foi ao ar sem a maior parte das informações, registros e dados históricos disponíveis há anos na página antiga.
A situação pegou servidores de surpresa. Ele viram sistemas com o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, atualizado frequentemente por Estados e municípios, apagados do site. Entre os outros itens que não migraram para o novo portal estão mais de 30 livros sobre a biodiversidade, o macrodiagnóstico da zona costeira e marinha, cartilhas referentes ao patrimônio genético, entre outros.
Em resposta à inquietação dos servidores, a área de informática do MMA afirmou que não houve perda de informação e que isso faz parte do processo de migração. Explicaram, ainda, que quando for concluído, as informações estarão disponibilizadas novamente.
O “processo de migração”, porém, não parece ter afetado os programas da atual gestão do MMA. Quem for ao site novo na área de “áreas protegidas e ecoturismo” encontrará links apenas para duas iniciativas do atual ministro: a concessão de parques nacionais (que começou no governo Dilma, mas ganhou ênfase no atual) e o Adote 1 Parque, que nem sequer existe. No site antigo havia links para sete iniciativas, entre elas o cadastro nacional de UCs, as diretrizes para reduzir a perda de biodiversidade e a câmara de compensação ambiental.
Não é a primeira vez que informações desaparecem da página do MMA. Em abril de 2019, todos os dados sobre áreas prioritárias para a conservação foram eliminados do site após entidades empresariais reclamarem deles. Segundo o portal Direto da Ciência, a ordem para a supressão foi dada pela então secretária-executiva do MMA, Ana Pellini. Após a cobertura de imprensa do caso, as páginas foram repostas.
Questionada, a assessoria de comunicação do MMA não soube dar um prazo sobre quando o processo será finalizado. Enquanto isso, os dados e arquivos estão acessíveis somente no endereço antigo do site, o que não é informado a quem entra na página nova (que tem o mesmo endereço da antiga).
Avisamos aqui: se você quiser ter acesso às informações enquanto a migração não termina, o link é: antigo.mma.gov.br
*Texto publicado originalmente em 19/11/20 no site do Observatório do Clima
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Foto: reprodução site MMA