No último sábado, 8/7, o presidente Lula viajou à Letícia (fronteira com Tabatinga, no Brasil), na Colômbia, para conversar com o presidente Gustavo Petro sobre preservação e desenvolvimento da Amazônia e participar do encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, organizada pelo governo colombiano.

Além de Petro, um grupo de indígenas recebeu o presidente brasileiro e sua comitiva formanda pela pela primeira-dama, Janja da Silva, pelas ministras Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e pelo ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores), além de Celso Amorim, chefe da assessoria especial.
“O que se faz num canto da América do Sul repercute em outro, por isso, nossa cooperação é tão importante. Meu sonho é que a Amazônia se torne um exemplo de desenvolvimento sustentável, mostrando para o mundo como é possível conciliar prosperidade econômica com proteção ambiental e bem-estar social“. E complementou:
“Quero uma Amazônia inclusiva, com pleno respeito às aspirações das mulheres, dos jovens, dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, e de toda a população do campo, da floresta e das águas. É isso que vamos começar a construir juntos na Cúpula dos Países Amazônicos. Por isso, agradeço mais uma vez à Colômbia por sediar este encontro porque é o início da Revolução Verde que vai acontecer no planeta Terra”.

Este encontro foi uma prévia da Cúpula da Amazônia, que acontecerá em Belém, no Pará, de 8 a 9 de agosto (cidade onde também será realizada a COP 30 da ONU sobre Clima, em 2025). Durante seu pronunciamento, Lula ainda declarou que os oito países da floresta amazônica podem assumir a meta estabelecida pelo Brasil de desmatamento zero.
“Meu governo está comprometido a zerar o desmatamento até 2030. Esse é um compromisso que os países amazônicos podem assumir juntos na Cúpula de Belém”, contou.
Esse encontro reunirá presidentes dos países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA): Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
Cobrar dos países ricos
Lula também comentou sobre os recursos prometidos pelos países desenvolvidos para financiar ações de combate ao desmatamento em nações em desenvolvimento, mas com a intenção de chacoalhar os representantes dos países amazônicos presentes e obter seu apoio para continuar a cobrar esses países.
Aliás, foi o que ele fez no encontro organizado pelo presidente francês Emmanuele Macron, em junho, do qual participou: no final de junho – Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global
“Vamos ter de exigir, juntos, que os países ricos cumpram seus compromissos, incluindo a promessa feita em Copenhague [COP 15], em 2019, de doar 100 milhões de dólares por ano para ação climática, afinal foram eles que emitiram historicamente a maior parte dos gases de efeito estufa“, disse na reunião técnico-científica.
Petro aproveitou a fala do presidente brasileiro para destacar que, para combater os efeitos do aquecimento global, são imprescindíveis investimentos anuais da ordem de US$ 3,3 bilhões de dólares, o que “significa uma mudança no sistema financeiro mundial, significa uma mudança nas relações econômicas mundiais, significa priorizar a vida em vez do capital”.
Como citei acima esse era o tema da cúpula francesa, que reuniu 100 líderes mundiais e do setor privado, organizações internacionais e representantes da sociedade civil, além de 40 organizações financeiras como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o objetivo de definir estratégias para canalizar recursos financeiros para a ação climática, com foco nas necessidades dos países pobres e em desenvolvimento.
Observatório e controle do espaço aéreo
Durante a reunião promovida pelo governo colombiano, Lula citou proposta de criação de um “observatório regional da Amazônia”, para produzir dados sobre a região que orientem políticas públicas nos oito países.
Também falou da importância de se criar um sistema de controle de tráfego aéreo integrado para auxiliar esses países no combate a crimes como garimpo e extração de madeira ilegais e grilagem, além de organizações criminosas envolvidas com tráfico de drogas:
“Na ausência do Estado, o narcotráfico se espalha e se torna vetor de crimes ambientais“, destacou, lembrando o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorrido em junho de 2022 na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, próximo da Colômbia.
Por último, o presidente brasileiro ainda destacou que é urgente valorizar o papel de prefeitos, governadores e parlamentares para definir e executar políticas públicas na Amazônia.
Foto (destaque): Claudio Kbene/Secretaria de Comunicação da PR