O Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou esta semana a atualização da Lista Oficial das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção. Ao todo, foram avaliadas 5.353 espécies da flora e 8.537 da fauna. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é responsável pela avaliação do risco de extinção da fauna, enquanto o Jardim Botânico do Rio de Janeiro pela análise relacionada à flora. E há boas e más notícias a serem compartilhadas. Vamos começar pelas positivas.
Cento e quarenta e quatro espécies de animais saíram da lista este ano e 220 espécies tiveram melhora em seu estado de conservação, indo para categorias de menor risco do que estavam em 2014, quando foi realizada a última avaliação (em março, escrevi nesta outra reportagem, sobre alguns animais da lista).
Um exemplo de animais que apresentaram recuperação de suas população são as tartarugas marinhas. Quatro das cinco espécies observadas no Brasil melhoraram seu estado de conservação. A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), que estava na categoria “Criticamente Em Perigo”, a mais ameaçada antes da extinção, agora é considerada “Em Perigo”. Já a tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e a cabeçuda (Caretta caretta) saíram de “Em Perigo” para “Vulnerável”. Por último, a tartaruga-verde (Chelonia mydas), que aparece na imagem que abre esta reportagem, deixou de fazer parte da lista de espécies ameaçadas, todavia, ela ainda requer atenção e depende de ações de proteção.
A única tartaruga-marinha que continua preocupando muito os biólogos é a tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea), que ainda permanece como “Criticamente Em Perigo”, um passo antes de ser declarada oficialmente extinta na natureza.
Ao todo, 1.249 espécies da fauna foram consideradas ameaçadas: 465 estão na categoria Vulnerável (VU); 425 na categoria Em Perigo (EN), 358 estão Criticamente em Perigo (CR) e uma está extinta na natureza, o que nos leva às más notícias.
O animal que não é mais encontrado na natureza é um anfíbio, a perereca-gladiadora-de-sino (Boana cymbalum). Outra espécie da mesma família também gera muita preocupação: a perereca-buriti (Boana buriti), endêmica do Cerrado, que saiu do status de “Pouco Preocupante” para a categoria “Vulnerável”. Também há um alerta ligado para uma uma nova espécie de boto-cor-de-rosa do Araguaia (Inia araguaiaensis), descrito há poucos anos, mas já ameaçado.
No total, agora em 2022, 219 novas espécies e subespécies da fauna entraram pela primeira vez na lista, entretanto, o ICMBio ressalta que houve uma mudança na metodologia. E a partir de agora, a análise será feita anualmente. “Essa mudança de estratégia permitirá que a lista reflita resultados mais atuais, com menor diferença de tempo entre a avaliação do risco de extinção de uma espécie e sua aplicação nas políticas públicas de conservação da biodiversidade”, afirma o órgão.
Vale lembrar ainda que a melhora nos resultados de algumas espécies é resultado direto das ações e estratégias de conservação desenvolvidas em parceria entre governos e organizações da sociedade civil que trabalham na área ambiental, como é o caso, por exemplo, do Projeto Tamar, que há décadas atua no Brasil pela preservação das tartarugas marinhas.
Espécies da fauna ameaçadas
– 291 de peixes continentais;
– 275 de invertebrados terrestres;
– 257 de aves;
– 102 de mamíferos;
– 97 de invertebrados aquáticos;
– 97 de peixes marinhos;
– 71 de répteis;
– 59 de anfíbios
Leia também:
Onze aves entram na Lista Vermelha de espécies ameaçadas de extinção no Reino Unido: total chega a 70
Boto-tucuxi, natural da Amazônia, é incluído na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN
30% das árvores do mundo estão em risco de extinção: Brasil é o segundo país com o maior número de espécies ameaçadas
Foto: Kris Mikael Krister/Creative Commons/Wikimedia Commons