Cientistas tentam desvendar mistério por trás de lagostas azuis, rosas e multicoloridas

Frequentemente notícias sobre a descoberta de lagostas raríssimas, de colorações inusitadas, ganham as manchetes mundiais, como o caso em 2021, que mostramos aqui no Conexão Planeta, da lagosta cor de algodão-doce, um achado de um em 100 milhões, encontrada no estado do Maine, nos Estados Unidos. Ou no ano seguinte, quando uma laranja foi salva graças à equipe muito atenta de um restaurante na Flórida.

Em seu ambiente natural, a grande maioria das lagostas tem uma carapaça de tom castanho escuro. Mas quando esses crustáceos são cozidos, ganham uma cor vermelha. Isso acontece porque eles obtêm sua cor de um pigmento e antioxidante chamado astaxantina (pigmentos carotenoides responsáveis ​​pelas cores vermelhas brilhantes de muitos animais e plantas), presente na sua alimentação, e a forma desse composto muda quando outras proteínas se ligam a ele ou se quebram, o que ocorre no processo de fervura.

Todavia, até hoje ainda não se sabe por que algumas lagostas apresentam cores diferentes. A principal suspeita é que seja resultado de alguma alteração genética ou uma variação na astaxantina. Todavia, pesquisadores da Universidade de New England, no Maine – estado que concentra 85% da produção desse crustáceo nos Estados Unidos -, estão determinados a desvendar esse mistério.

A universidade é o lar de algumas dessas raríssimas lagostas já encontradas, entre elas Peaches, que é laranja e possui apenas uma garra; Banana (amarela) Fig (rosa), e Currant, com metade do corpo azul e outra parte marrom – na imagem que abre este post.

Ao acompanhar a reprodução de todas elas – as fêmeas, obviamente-, os pesquisadores da universidade pretendem descobrir o que está por trás de suas cores. Com o uso de métodos não invasivos, eles irão coletar amostras genéticas desses indivíduos.

“Até este momento, ninguém realmente sabe em detalhes por que algumas lagostas desenvolvem essas variações multicoloridas, embora tenhamos algumas teorias”, diz Markus Frederich, professor de Ciências Marinhas da Universidade de New England. “Esperamos usar essa pesquisa de expressão genética para estudar a biologia molecular dessas criaturas de uma forma que não seja prejudicial às lagostas.”

E não faltarão lagostas para essa pesquisa. Ou melhor, lagostinhas. As fêmeas Peaches e Norma, essa da cor tradicional, marrom, tiveram dezenas de filhotes recentemente. São 140 no total e há expectativa que mais ainda nascerão. Dos filhotes de Peaches, dezenas apresentam a mesma mutação que a mãe e são laranja. Outros não.

Ou seja, talvez esses raríssimos crustáceos de cores aparentemente atípicas não sejam tão raros assim. A única maneira de saber exatamente qual porcentagem deles na natureza é “diferente” seria com a realização de um censo populacional, algo inviável.

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Foto de abertura: divulgação University of New England