
Em um passado muito distante, viveram na Terra preguiças gigantes, que pesavam mais de 3 toneladas e tinham o tamanho de elefantes. Diferente desses animais que conhecemos nos dias atuais – pequenos, com o metabolismo extremamente lento e sempre encontrados nos topos das árvores -, seus ancestrais eram terrestres. “Eles pareciam ursos pardos, mas cinco vezes maiores”, diz Rachel Narducci, gerente da coleção de paleontologia de vertebrados no Museu de História Natural da Flórida (EUA).
Para tentar entender a razão pela qual esses enormes mamíferos foram extintos, um grupo de pesquisadores de diversos países, entre eles, o Brasil, se debruçaram sobre a história evolutiva deles, ao analisar amostras antigas de DNA e comparar mais de 400 fósseis pertencentes a coleções de 17 museus do mundo todo.
“Vários desses gigantes desapareceram nos últimos 130 mil anos, mas o momento e os motores macroevolutivos por trás desse padrão de ascensão e colapso permanecem obscuros para algumas linhagens de mega herbívoros”, dizem os autores do estudo, publicado recentemente no jornal Science.

Foto: Florida Museum / Kristen Grace
Entre o material analisado pelos pesquisadores estão ossadas de preguiças do gênero Megatherium, consideradas como substitutas ecológicas das girafas, já que comiam folhas de copas de árvores altíssimas (veja imagens impressionantes acima). Mas existiam também outras de tamanho menores – algumas viviam em tocas, outra em túneis e até, na água. Isso sugere que, ao longo do tempo, esses animais foram se adaptando e evoluindo a mudanças de ambiente e do clima.
Para os cientistas, inicialmente as preguiças gigantes, que andavam no solo, tinham uma vantagem grande para poder encontrar comida e enfrentar predadores. Todavia, assim como outros grandes mamíferos que desapareceram do planeta, a partir do momento que elas começaram a compartilhar o mesmo espaço com os seres humanos, se tornaram vítimas fáceis de caça, justamente por seu imenso tamanho. Um estudo divulgado em 2024, já apontava que o homem era o principal responsável pela extinção da chamada megafauna.
No estudo, os paleontólogos relatam como há cerca de 15 mil anos, essas preguiças de enormes proporções começaram a perecer, o que coincide com a chegada do ser humano. Enquanto isso, aquelas menores, sobreviveram.
Mesmo assim, dizem eles “as preguiças arborícolas assistiram à carnificina que se desenrolava abaixo delas, da segurança das copas das árvores, mas mesmo lá, não escaparam sem perdas. Muito depois de seus parentes terrestres terem sido extintos em todos os outros lugares, duas espécies de preguiça arborícola do Caribe resistiram até 4.500 anos atrás. Os humanos chegaram ao Caribe mais ou menos na mesma época em que os egípcios construíam as pirâmides. As preguiças arborícolas do Caribe foram extintas logo depois.”
Atualmente existem apenas seis espécies de preguiças, todas encontradas em países das Américas do Sul e Central.

Ciências Naturais de Buenos Aires
Foto: Alberto Boscaini
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Ilustração de abertura: Diego Barletta