Por anos e anos, milhares de rinocerontes foram mortos cruelmente na África. Caçadores tiraram a vida desses animais para arrancar seus chifres e vendê-los ao mercado asiático, em países como a China e o Vietnã, onde existe a crença de que o pó deste possui “poderes medicinais”. Além disso, eles também eram comprados como “joias ou souvenirs”. O quilo do chifre é vendido por até 50 mil dólares. Infelizmente, ainda hoje esses animais são assassinados pela mesma razão.
E ao medir o tamanho dos chifres de 80 rinocerontes através de fotos tiradas entre 1886 e 2018, pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram que com o passar do tempo, eles foram diminuindo de tamanho.
Todas as imagens fazem parte de um banco de dados internacional, o Rhino Resource Centre, e incluem registros de todas as espécies de rinocerontes existentes: de Java, da Sumatra, Indiano, branco e negro. Houve um cuidado para que fossem feitas medidas também de outras partes do corpo em cada fotografia, incluindo o comprimento do corpo e da cabeça, para que o comprimento do chifre pudesse ser medido com precisão em proporção ao tamanho do animal.
Os pesquisadores acreditam que a redução do tamanho se deve à caça intensiva. O extermínio desses animais não teria causado apenas graves declínios em suas populações de rinocerontes; mas à medida que caçadores matavam prioritariamente indivíduos com os chifres mais longos, foram aqueles com os chifres menores que sobreviveram e se reproduziram mais, transmitindo esses traços para as gerações futuras. Isso já teria sido demonstrado para outros animais antes, mas nunca com rinocerontes.
“Os rinocerontes evoluíram seus chifres por uma razão – diferentes espécies os usam de maneiras diferentes, como ajudar a pegar comida ou se defender de predadores – então achamos que ter chifres menores será prejudicial para sua sobrevivência”, afirma Oscar Wilson, pesquisador que fez parte da análise, publicada em artigo científico no jornal People and Nature.
Foi realizada ainda uma comparação usando ilustrações disponíveis, algumas que datam de mais de 500 anos, e a conclusão foi a mesma. No passado, rinocerontes tinham chifres muito maiores.
“Descobrimos que podemos usar imagens dos últimos séculos para visualizar como as atitudes humanas em relação à vida selvagem mudaram e como os artistas influenciaram essas visões”, diz Ed Turner, pesquisador do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge e autor senior do estudo.
Ilustração de William Cotton Oswell, feita em 1900, mostra um rinoceronte chifrando um cavalo
A coleção do Rhino Resource Centre mostra que nos séculos passados era amplamente disseminada a ideia de que rinocerontes eram animais exóticos, que caçavam seres humanos e deveriam ser mortos. Além disso, a caça era aplaudida e personalidades a incentivavam, como o ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, que aparece orgulhoso ao lado da triste imagem de um deles sem vida, em 1911.
Atualmente, para evitar que rinocerontes continuem a ser caçados e mortos, muitas organizações fazem o corte preventivo de seus chifres.
Roosevelt ao lado do rinoceronte que ele tinha acabado de matar
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Fotos e ilustrações: Rhino Resource Centre