Caixas da Natureza é uma proposta poética de conexão com a natureza idealizada em 2016 e realizada pelo programa Ser Criança é Natural (que dá nome a este blog) desde 2017, com a participação de famílias (a cada estação) e grupos (a cada semestre) de várias partes do Brasil.
Além de convidar crianças e seus familiares para estar ao ar livre e com um olhar atento, amoroso e estético para as coisas vivas, o projeto propõe que os participantes se deixem levar pela experiência de expandir seu território de vida para lugares muitas vezes distantes e desconhecidos, para os quais enviarão registros, criações, achados e preciosidades do lugar onde vivem.
Cada remetente também recebe uma caixa, vinda de uma família que mora em um lugar diferente daquele para o qual enviou a sua. E, assim, de um lado, as crianças compartilham seu olhar sobre a natureza e, de outro, expandem seu mundo ao conhecer o que vem de outro canto do país.
A riqueza dessa experiência é enorme, confirmada pelas 21 edições que esse projeto já realizou nos últimos quatro anos, envolvendo cerca de 30 mil crianças e 2.500 caixas.
Agora, estaríamos no período de inscrições de mais uma edição – a 22a! -, mas, assim que divulgamos pelo site do programa Ser Criança é Natural, as inscrições se esgotaram em dois dias.
Cuidado e criatividade
Quando a família se inscreve recebe um Manual de Participação, com orientações e dicas para que toda a experiência seja realizada de modo seguro. É fundamental que a brincadeira seja segura para as crianças e também para o planeta!
Entre as recomendações, pedimos para que os elementos frescos sejam secados antes de irem para a caixa. Isso evita que eles se decomponham durante a viagem ou carreguem vetores de doenças para outros lugares.
Outra recomendação é sobre os elementos que podem ou não ser enviados. Afinal, se não podem ser enviados fisicamente, existem outras formas disso acontecer: por meio de desenhos, fotos, registros em argila, e tantas outras possibilidades criativas que quem participa compartilha com a gente a cada edição.
Tudo é feito com base nas orientações dos Correios e nas exigências fitossanitárias do Ministério da Agricultura.
Felizmente, existem essas orientações para que um projeto tão delicado e potente possa ser realizado com cuidado e criatividade. Por outro lado, ficamos pensando como entender esse mundo tão incrivelmente interconectado.
O que fazemos com as Caixas da Natureza é propiciar para crianças a oportunidade de fazer a viagem que as plantas e os animais, sobretudo os insetos, vêm fazendo há milhões de anos. Tudo na Terra é viagem, tudo é movimento. Então, convidamos as crianças a se colocarem nesse fluxo de forma sensível e amorosa. E sempre cuidadosa.
Mundo diverso
Pense em como o nosso planeta vem sendo tratado! Com incentivos para uma agricultura agressiva, em que a baixa diversidade de espécies convida certos animais a se reproduzirem demais, pois o ambiente ficou favorável para eles. Chamamos estes seres de pragas e, para vencê-las, usamos venenos, os agrotóxicos, que são absorvidos pelas plantas e transmitidos a nós, quando ingerimos os alimentos.
Há cuidado nisso? Que ideia de natureza temos quando fazemos exatamente o contrário das florestas, eliminando toda a riqueza da diversidade e favorecendo uma única espécie?
Com as Caixas da Natureza, ensinamos às crianças, pela experiência, que o mundo é diverso, que há beleza e afeto em todos os cantos do mundo. E que, para além da desertificação dos ambientes provocada pela agricultura comercial, poderemos sempre plantar mais, observar mais os movimentos mais sutis do mundo vivo, poderemos sempre nos conectar com mais e mais força esse mundo tão dinâmico que nos forma, que somos.
O projeto Caixas da Natureza fala da diversidade, da alegria, da harmonia, da reciprocidade. Para além de normas e regras, acreditamos que podemos viver em um mundo em que cada um se reconheça e, assim, desfrute com consciência dessa maravilhosa oportunidade que é estar aqui neste momento, e poder desfrutar de cada instante da vida.
Agora, assista ao vídeo que produzimos em 2018 e explica mais detalhes do projeto:
Foto (destaque): Acervo Escola Idade Criativa