Leventina nasceu há cerca de oito meses no Pantanal. A pequena onça-pintada é filha da Ferinha, fêmea conhecida da equipe do Onçafari. A filhote foi avistada pela primeira vez ao lado da mãe, ainda na toca, no final de setembro do ano passado. Desde então, ela vem sendo acompanhada – de longe -, pelos biólogos e guias da organização.
Todavia, em meados de maio, a Ferinha começou a ser flagrada namorando com diversos machos diferentes. E Leventina não foi mais vista.
Normalmente, macho e fêmea de onças-pintadas só ficam juntos durante o período da reprodução. Após o acasalamento, eles se separam. E depois do nascimento dos filhotes, a mãe cuida deles durante cerca de dois anos.
Os biólogos do Onçafari começaram então a ficar preocupados. Leventina poderia ter morrido.
“Até que um belo dia um dos nossos carros de passeio encontrou a Leventina caminhando sozinha, perto de um açude. Achamos que talvez a filhote tivesse saído para explorar um novo território e se perdido da mãe, um desencontro”, diz o biólogo Bruno Reis.
Entretanto, 20 dias depois, Ferinha e Leventina se encontraram diante da carcaça de um animal e a mãe se mostrou bastante agressiva com a filha.
“Diante disso tudo que aconteceu, suspeitamos que ela tenha sido abandonada. A natureza pode ser muito cruel e ao mesmo tempo, muito inteligente. Entre os gatos, se a mãe percebe alguma doença ou má-formação no filhote, ela costuma rejeitá-lo porque sabe que ele não chegará à fase adulta e não vale a pena ter esse gasto energético para criá-lo”, explica.
O comportamento também é comum entre outras espécies do mundo animal.
Apesar do temor de que Leventina não sobrevivesse sozinha por muito mais tempo, ela vem sendo observada constantemente e, até agora, bem.
“Ela começou a se virar sozinha. Foi encontrando várias carcaças deixadas por outras onças e se alimentando delas por vários dias. Ela já recuperou o peso e está até defendendo as carcaças de outros bichos, inclusive com outras onças, e expulsou um porco-monteiro, um porco bem grande, então é uma oncinha que está se fazendo valer”, conta Bruno.
Se Leventina conseguir chegar até um ano e meio de idade aproximadamente, há esperança de que ela terá grandes chances de sobreviver, mesmo sozinha
A mãe de Leventina, a Ferinha, é filha de Fera, uma das primeiras onças no mundo a serem reintroduzidas na vida selvagem.
Abaixo a história da Leventina também contada por outro membro da equipe do Onçafari e compartilhada nas redes sociais da ONG:
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Fotos: @brunosartorireis