Imagens de armadilhas fotográficas instaladas no Parque Estadual do Cunhambebe (PEC), no Rio de Janeiro, revelaram uma grande surpresa para pesquisadores que monitoram a região: a presença de uma família de antas! As gravações mostram uma mãe e um filhote, mas imagina-se que também deve haver um macho.
A descoberta foi muito celebrada, mas traz com ela uma certa áurea de mistério, já que esse é o primeiro registro de uma chamada “volta espontânea” desses animais, ou seja, de forma natural, ao local e com um nascimento em vida livre.
Durante mais de um século a espécie ficou extinta no estado do Rio de Janeiro, até que, em 2017, o projeto Refauna começou um programa de reintrodução na Reserva Ecológica de Guapiaçu, no município de Cachoeiras de Macacu, onde já existe uma população estabelecida de antas (leia mais aqui)
Existe uma suspeita de que, talvez, as antas flagradas agora podem ter vindo do Parque Estadual da Serra do Mar ou do Parque Nacional da Serra da Bocaina, ambos em São Paulo, onde existem populações razoáveis da espécie. Futuras análises genéticas dos indivíduos observados em Cunhambebe poderão elucidar de onde eles vieram e quantos são os animais.
“O registro do nascimento de um filhote em vida livre é uma conquista notável, sinalizando que as condições ambientais e de segurança do PEC são propícias para a reprodução da espécie em suas áreas protegidas, oferecendo perspectivas otimistas para o futuro da anta no estado e comprovando que há um habitat capaz de suportar o crescimento e o estabelecimento de uma população saudável”, celebraram pesquisadores nas redes sociais.
O Parque Estadual Cunhambebe é uma unidade de conservação (UC), com cerca de 38 mil hectares, e abrange partes dos municípios fluminenses de Angra dos Reis, Rio Claro, Mangaratiba e Itaguaí.
A anta (Tapirus terrestris) é o maior mamífero terrestre da América do Sul. Pode pesar entre 200 e 300 kg. Herbívora, ela é conhecida como jardineira da natureza pois, ao se alimentar dos frutos das árvores e arbustos, espalha as sementes pelo caminho.
No mundo todo, existem quatro espécies de antas conhecidas pela ciência: a anta-da-montanha (Andes), a anta-centro-americana (América Central), a anta-malaia (Indonésia), além da observada na América do Sul – todas ameaçadas de extinção, segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, (IUCN na sigla em inglês).
*Com informações adicionais do jornal O Globo
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Foto de abertura: Maron Galliez/Projeto Refauna