No final de agosto, araras-azuis-de-lear traficadas para o Suriname, apreendidas pela polícia e que seriam repatriadas para o Brasil foram roubadas do local onde estavam na noite anterior à viagem de volta. No total eram 29 aves. Os criminosos conseguiram escapar com 28 delas, mas uma voou e fugiu.
Pois acredita-se que essa arara foi avistada na localidade de Frederiksdorp, vizinha da capital Paramaribo. A notícia foi divulgada pelo site ((o))eco, que confirmou a informação e a autenticidade do vídeo com fontes do Suriname. Agora autoridades locais estão tentando capturar a ave. Em relação às demais, infelizmente, nenhuma novidade.
O caso é um absurdo. Em julho, o Serviço Florestal do Suriname apreendeu, além das araras-azuis-de-lear, sete micos-leões-dourados. As duas espécies brasileiras são endêmicas e em risco de extinção.
No dia 23 de agosto, todos os animais seriam repatriados. Já com o avião da Polícia Federal voando, em direção à capital do Suriname, com uma equipe de veterinários e especialistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o governo brasileiro foi alertado do roubo das araras.
Segundo uma nota da Polícia do Suriname, as aves estavam alojadas numa garagem na cidade de Zanderji, a 60 km de Paramaribo. O crime teria ocorrido entre 1h e 3h da madrugada.
De acordo com a Freeland Brasil, organização que trabalha pelo fim do tráfico de animais e esteve envolvida o tempo todo com o processo de repatriação dos animais, a hipótese de trabalho é a participação do tráfico internacional organizado.
“Esses animais podem atingir altos valores. A suspeita é que eles seriam vendidos na Europa, provavelmente para colecionadores, zoos particulares ou criadores”, revelou na época a bióloga Juliana Machado Ferreira, diretora executiva da Freeland Brasil.
Reportagens da mídia local denunciaram que pode ter havido envolvimento de pessoas ligadas ao governo do Suriname no crime.
As araras que restaram e os micos voltaram ao Brasil. Após um período de quarentena no Zoológico Municipal de Guarulhos, os sete micos passaram a fazer parte da população de segurança da espécie. Já as aves foram levadas para o litoral de São Paulo, em Cananeia.
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Foto de abertura: reprodução vídeo