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Após mais de 80 anos, onças-pardas voltam a ser observadas em parques e reservas do Rio de Janeiro

Após mais de 80 anos, onças-pardas voltam a ser observadas em parques e reservas do Rio de Janeiro

No ano passado, viralizaram nas redes sociais imagens da possível presença de uma onça-parda no Morro da Viúva, no bairro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro. A comoção não era para menos. O animal, da espécie Puma concolor é o segundo maior felino que ocorre no Brasil, atrás apenas da onça-pintada (Panthera onca), e não era observado na capital fluminese desde 1936. O burburinho da internet foi confirmado por outro registro fotográfico: as câmeras do Sítio Burle Marx, que fica próximo ao Parque Estadual da Pedra Branca, na Barra da Guaratiba, também mostram uma onça passando pelo local. Ou seja, depois de 84 anos, esses felinos voltaram a habitar as matas do Rio.

Através de um estudo de campo, buscando provas da presença desse felino, como pegadas no solo e arranhões deixados em árvores, um grupo de pesquisadores atestou que realmente há indivíduos da espécie circulando novamente por parques e reservas. A constatação da volta da onça-parda ao Rio de Janeiro virou, inclusive, tema de um artigo científico, divulgado na publicação internacional Check List – the journal of biodiversity data.

Evidências apontam que existem onças-pardas no Parque Estadual do Mendanha, no Parque Estadual da Pedra Branca e na Reserva Biológica de Guaratiba.

“Grandes mamíferos, especialmente felinos, como a onça-parda estão desaparecendo de seus habitats originais, devido à perda de áreas naturais e caça, principalmente nas regiões metropolitanas. Na cidade do Rio de Janeiro, a P. concolor não era observada há quase um século, apesar da cidade ter fragmentos florestais de até 10 mil hectares. Apresentamos aqui registros que confirmam o reaparecimento desta espécie na cidade do Rio de Janeiro, onde foi considerada extirpada”, celebram os pesquisadores no texto da publicação.

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Segundo Jorge Pontes, professor da Pós-Graduação em Ensino de Ciências, Ambiente e Sociedade da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (PPGEAS/FFP – Uerj) e principal autor do estudo, já existiam alguns registros anteriores de onças-pardas, de 2007 em Guaratiba, e de 2008 no Mendanha.

Ainda não se tem uma ideia sobre o exato tamanho da população de onças-pardas no Rio de Janeiro, mas de acordo com os especialistas, a espécie tem uma grande capacidade de adaptação, mesmo em áreas urbanas. Ela é atualmente classificada como vulnerável à extinção pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Estima-se que, atualmente, apenas mil indivíduos ainda vivam em toda a Mata Atlântica. A redução das áreas naturais provocou o desaparecimento da onça-parda em diversas regiões do Brasil. E a falta de alimento nos locais remanescentes, muita vezes, a leva a atacar criações de gado e de ovelhas, o que a ameaça ainda mais. Originalmente, ela era observada em quase todo o território brasileiro, bem como nas três Américas, desde o Chile e norte da Argentina até o norte do Canadá.

Ao final do artigo científico, os pesquisadores ressaltam a importância de estratégias de proteção da espécie. “A conservação de P. concolor e outras espécies de mamíferos ameaçadas da cidade do Rio de Janeiro depende de políticas públicas estaduais e municipais voltadas para elas, incluindo o manejo adequado e a vigilância, principalmente no Parque Mendanha e no Parque Pedra Branca. No entanto, a proteção de áreas de reserva menores, tanto municipais como privadas (como a RPPN Bicho Preguiça), bem como áreas naturais desprotegidas, como a Floresta Camboatá, também é muito importante”.

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Foto: Bas Lammers/Wikimedia Commons

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Valéria Burke
Valéria Burke
3 anos atrás

Apesar de serem notícias lindas, sempre fico com medo de que essas notícias alimentem a mente doentia de caçadores e outros desajustados, tão numerosos e destemidos atualmente…

Lilian
3 anos atrás

Que notícia boa. São lindas e que tenham muitas estratégias de protação a elas.
Parabéns pelo conteúdo.

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