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Onça-parda é flagrada por câmera escondida em floresta de Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro

Sempre que um animal do porte de uma onça – considerado topo de cadeia alimentar na natureza -, é visto ou volta a uma determinada área de proteção ambiental, é pra celebrar. Ainda mais neste momento de desmonte ambiental que acontece pelo país. E foi o que aconteceu no início deste mês na região metropolitana do Rio de Janeiro, no Refúgio de Vida Silvestre Estadual da Serra da Estrela.

Ele se localiza em uma das áreas mais vulneráveis de Mata Atlântica, que se estende pelos municípios de Petrópolis, Duque de Caxias e Magé, e é administrado pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA).

Armadilhas fotográficas flagraram uma onça-parda (Puma concolor), também conhecida como suçuarana, nesse local ainda pouco conhecido e estudado. Trata-se da mais nova unidade de conservação do estado (tem apenas dois anos), com 4.811 hectares – pouco mais que o Parque Nacional da Tijuca.

Ele liga duas unidades de conservação estratégicas para a biodiversidade da região: a Reserva Biológica do Tinguá e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, ambos administrados pelo governo federal. E abriga uma diversidade enorme de espécies da flora e da fauna, onde naturalistas do século XIX se encantaram e se esbaldaram.

Pouco resta da floresta exuberante que os alemães Carl Friedrich Philipp von Martius (botânico, 1794-1868) e Johann Baptist von Spix (zoólogo, 1781-1826) e o russo Barão de Langsdorff (1744-1852) encontraram e estudaram, mas, como comentei no início deste texto, a presença da onça é um indicador imprescindível que atesta que a natureza, ali, está protegida. E reforça a importância de continuar a proteção da região. Ainda mais um bioma tão devastado quanto a Mata Atlântica, da qual resta apenas 7%.

“Se a onça está aqui, é sinal de que o ecossistema da região está saudável. Ela só sobrevive porque a floresta oferece condições”, disse o gestor do refúgio, Eduardo Antunes, ao jornal O Globo. E ele tem muitas razões pra se animar, na verdade.

No refúgio, também já foram registrados micos-leões-dourados, espécie endêmica desse bioma, principalmente no estado do Rio de Janeiro (um pouco no Espírito Santo). E nele ainda é desenvolvido um trabalho hercúleo para salvar o mico-caveirinha ou sagui-do-Rio ou, ainda, sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) do risco de extinção.

Arisca, sim, mas medrosa, e ainda mia

onça parda

Numa floresta de Mata Atlântica, a presença de uma onça-parda ou suçuaranatambém chamada de onça-vermelha e leão-baio – é uma benção! Não só porque ela está ameaçada de extinçãopor causa da caça e da devastação -, mas porque, em geral, só habita florestas robustas, que abrigam animais selvagens que ela pode caçar, como pacas, por exemplo. E isso indica que a biodiversidade está preservada e que a mata tem condições de produzir água, regular o clima e proteger o solo.

“Nós é que somos os predadores da onça, e não o contrário. Nosso dever é protegê-la”, finaliza Antunes.

Ao contrário do que dizem por aí, ela só ataca quando é acuada ou fica em pânico. Costuma ser arisca porque tem medo do ser humano. “Só sai da floresta se seu habitat é perturbado”, garante Antunes. E, como ela se assusta com facilidade, não é difícil afugentá-la: não gosta de luz, nem de sons altos, por isso, ligar rádio e TV ou usar apitos, pode ajudar mantém distante. Há relatos de animais domésticos atacados por onças, sim, mas o motivo certamente foi porque se sentiram ameaçadas por bichos descontrolados, que avançaram.

E, se quiser ouvi-la, não pense que será fácil. Ela não ruge como a onça-pintada, mas mia, como um gato. Essa é boa.

Fonte: O Globo, ISA, O Eco

Foto: Divulgação (destaque) e Haroldo Palo Jr.

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A Floresta Viva de Luciano Candisani

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José Mauri
José Mauri
4 anos atrás

Região da Zona da Mata possui uma população saudável dessa espécie. É comum o avistamento, eu mesmo já filmei diversas vezes…

Regina Meireles
Regina Meireles
3 anos atrás
Reply to  José Mauri

Vc é um felizardo por estas oportunidades. Eu amaria ter esse maravilhoso privilégio.
Deus permita que este bioma saudável assim permaneça. Aliás, Deus sempre permite o equilíbrio de tudo. O homem é quem faz tudo se desequilibrar e exterminar. Neste caso, infelizmente é a inteligência prestando um desserviço à natureza.
Por mais humanos conscientes em prol do planeta e das vidas que aqui coabitam.
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