
Por mais de um século o tietê-de-coroa (Calyptura cristata), uma ave endêmica da Mata Atlântica, foi considerado extinto na natureza, até que, em 1996, dois indivíduos foram avistados em Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. Todavia, até hoje ele continua a ser um mistério para pesquisadores.
Única espécie do gênero Calyptura, o tietê-de-coroa foi descrito pelo ornitólogo francês Louis Jean Pierre Vieillot, em 1818. Contudo, tudo o que se sabe sobre esse pássaro vem de cerca de 100 espécimes, existentes em aproximadamente 50 coleções de museus do mundo, entre eles, um que estava no Museu de História Natural de Berlim, coletado há mais de 200 anos no Brasil.
E agora, graças a uma ação integrada entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) e o museu alemão, esse espécime que estava em Berlim foi cedido para estudos por cientistas brasileiros.
Para Luís Fábio Silveira, curador de aves do MZUSP, onde o exemplar permanecerá à disposição para pesquisas e análises, com esse material será possível aprofundar os conhecimentos sobre a espécie, sem a necessidade de viagens ao exterior.

Foto: Luiz Carlos Rocha from Brasil, CC BY-SA 2.0 via Wikimedia Commons
Em 2016, um grupo de pesquisadores do Observatório de Aves – Instituto Butantan realizou uma expedição em busca da espécie, entretanto, não houve sucesso.
Desde 1994 na lista de animais ‘criticamente ameaçados’ de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza, o tietê-de-coroa é considerado uma das aves mais raras do mundo, tanto que há poucos meses ele entrou na Search for the Lost Birds, uma lista internacional que busca espécies que não foram observadas há mais de uma década, como contei nesta outra reportagem.
Além do tietê-de-coroa, outras três espécies de aves brasileiras estão entre as 126 da lista, o caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), o pararu-espelho (Paraclaravis geoffroyi), a choquinha-fluminense (Myrmotherula fluminensis) e o Tityra leucura, uma espécie avistada em Porto Velho, que nem nome popular possui. Há ainda a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), que costumava ser avistada nas bacias dos rios Paraná, Uruguai e Paraguai, no noroeste da Argentina, sul do Paraguai, leste da Bolívia, nordeste do Uruguai e na região sul do Brasil.
Desde o lançamento do projeto Search for the Lost Birds, em 2021, que tem como objetivo disseminar ao máximo informações sobre essas aves e contar com a ajuda de cientistas, observadores e também, cidadãos, para tentar reencontrá-las, várias espécies já foram redescobertas (veja a lista completa no Leia também, mais abaixo).
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Foto de abertura: divulgação Ibama
Acho que o governo, com a prerrogativa de administração, tem que exigir que criadores clandestino de aves e espécies, sejam abordados e fiscalizado, varias raridades estão nestes criatório, e vendidos contrabandeado para outros países!!!
Repatriar a múmia de uma ave “supostamente” extinta parece uma bobagem; mas haverão animais que estão em processo de extinção AGORA e NINGUÉM está prestando atenção neles; por que a ciência não recebe incentivo por parte do governo brasileiro.
Esse pode ser um passo positivo.
O oome e tie é não Tietê. À revisão
Paulo,
Obrigada pela mensagem!
O nome correto da espécie Calyptura cristata é tietê-de-coroa. Existem outras espécies de pássaros chamadas de tiê, mas não é o caso dessa em particular.
Abraço,
Suzana
Eu moro em Pernambuco e tenho uma propriedade aqui e avistei o caburé de Pernambuco há cerca de 2 meses atrás cantando no quintal do meu avô
Avistou uma ave considerada extinta no quintal do seu avô?
Cara muitas vezes os pássaros só se afastaram em Minas cansei de ver esses pássaros lá são conhecidos como caga sebo
Esqueceram de incluir nesta lista a SAÍRA APUNHALADA do Espírito Santo. Bem como os esforços das unidades de conservação de domínio privado para conservá-la.
Walder, bom dia!
Obrigada pela mensagem.
Só estão na Lista das Espécies Perdidas aquelas que não são vistas há mais de uma década, e a saíra-apunhalada ainda existe na natureza, pouquíssimos indivíduos, mas existem – https://conexaoplaneta.com.br/blog/uma-das-aves-mais-ameacadas-do-mundo-a-brasileira-saira-apunhalada-ganha-campanha-de-protecao/
Abraço,
Suzana
A única coisa que se lê nos comentários é nego pedindo mais governo.
Governo não resolve nada, é só cabide para corruptos e subordinados (aka funças).
Rapaz, aqui na minha região tem dessa ave aí kkkkk, se n for e muitoooooo parecido.
Espero que o espécime preservado por 200 anos, em uma instituição séria e bem administrada, não tenha o destino das peças do Museu Nacional, destruídas para sempre pela inépcia dos seus “colegas” brasileiros. Essa palhaçada de repatriação serve apenas aos egos de uma minoria que se preocupa muito com ideologia e pouco com a ciência.
Eu já avistei um passarinho muito parecido com esse no quintal da minha casa, moro em Goiás.