Beija-flor que não era visto há mais de 10 anos e já considerado extinto é observado em área de montanha na Colômbia

Beija-flor que não era visto há mais de 10 anos e já considerado extinto é observado em área de montanha na Colômbia

O beija-flor asa-de-sabre-de-santa-marta (Campylopterus phainopeplus) constava na lista dos dez pássaros mais “procurados” por três organizações da área ambiental: a Re:wild, American Bird Conservanc e a BirdLife International. Acreditava-se que ele estava extinto. A primeira vez que um indivíduo da espécie havia sido coletado foi em 1946. Apenas muito tempo depois, em 2010, outro espécime foi documentado, pela primeira vez em fotos.

Apesar de seu grande porte e sua coloração chamativa, suas penas são verde esmeralda e a garganta azul brilhante, desde então o beija-flor que vive nas montanhas da Sierra Nevada de Santa Marta, ao norte da Colômbia, nunca mais foi visto. Até recentemente, graças ao olhar atento de um observador de aves muito experiente, Yurgen Vega.

“Este avistamento foi uma surpresa completa, mas muito bem-vinda”, diz Vega, que fez a redescoberta enquanto trabalhava com as organizações SELVA, ProCAT Colombia e World Parrot Trust para estudar aves endêmicas em Sierra Nevada de Santa Marta.

Ele revela que o encontro foi inesperado. “Ao sair da área onde estava trabalhando, um beija-flor me chamou a atenção. Peguei meu binóculo e fiquei chocado ao ver que era um asa-de-sabre-de-santa-marta e num incrível golpe de sorte o beija-flor pousou em um galho me dando tempo para tirar fotos e filmar”.

O Campylopterus phainopeplus é listado como “criticamente ameaçado de extinção” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Estima-se que exista apenas uma pequena população em Santa Marta. Embora tenha uma diversidade enorme de fauna e flora ali, incluindo 24 espécies de aves endêmicas, ou seja, não existem em nenhuma outra parte do planeta -, a agricultura avança gradativamente sobre a região. Apenas 15% da área original ainda está intacta.

Beija-flor que não era visto há mais de 10 anos e já considerado extinto é observado em área de montanha na Colômbia

O flagrante raríssimo feito por Yurgen Vega

O beija-flor fotografado por Vega era um macho (é possível reconhecer o sexo por suas cores). Segundo o especialista, ele estava cantando e vocalizando, o que pode ser sinal de defesa de território e busca de parceira para acasalamento. O fotógrafo viu apenas um indivíduo.

Ainda que saiba-se pouquíssimo sobre o asa-de-sabre-de-santa-marta, ornitólogos suspeitam que ele viva em florestas neotropicais úmidas em altitudes médias entre 1.200 e 1.800 metros. Essa espécie de beija-flor pode ser migratória, subindo para altitudes ainda mais altas no páramo, um ecossistema de grama e arbustos, durante a estação chuvosa, em busca de plantas com flores.

“Esta redescoberta é maravilhosa e me deixa esperançoso de que começaremos a entender melhor essa ave misteriosa e ameaçada”, ressalta Esteban Botero-Delgadillo, diretor de Ciência da Conservação da SELVA. “No entanto, o encontramos em uma área desprotegida, o que significa que é extremamente importante que conservacionistas, comunidades locais e instituições governamentais trabalhem juntos para aprender mais sobre os beija-flores e protegê-los e seu habitat antes que seja tarde demais”.

*Com informações e entrevista do site da BirdLife International

Fotos:  Yurgen Vega/Selva/ProCAT

Um comentário em “Beija-flor que não era visto há mais de 10 anos e já considerado extinto é observado em área de montanha na Colômbia

  • 4 de setembro de 2022 em 3:01 PM
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    Aqui em casa sempre vem um casal desses para se alimentar .

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.