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Apelidado de “lasanha humana”, maior navio de cruzeiros do mundo emite mais metano, muito pior para o aquecimento global

Apelidado de "lasanha humana", maior navio de cruzeiros do mundo emite mais metano, muito pior para o aquecimento global

Vamos combinar, né? Quem embarcou na viagem inaugural no sábado (27/01), em Miami, do maior navio de cruzeiros do mundo, o Icon of the Seas, não deve estar nem um pouco preocupado com o aquecimento global. Muito menos com a proteção dos oceanos. Afinal, quem realmente acreditaria que uma embarcação com mais de 250 mil toneladas, com capacidade para levar quase 10 mil pessoas e se intitula “o maior parque marinho do mar”, é realmente sustentável?

Bem, a proprietária do Icon of the Seas, a Royal Caribbean International, afirma que o navio “estabelece um novo padrão de sustentabilidade com o uso de tecnologia de eficiência energética projetada para minimizar a pegada de carbono e aproximar-se do objetivo da empresa de introduzir um navio com emissões líquidas zero até 2035”.

Segundo a Royal Caribbean, a sustentabilidade do navio, apelidado de maneira jocosa como “Lasanha Humana” pelo filho de uma colunista do jornal The Guardian, nome que pegou nas redes sociais, se deve a diversos fatores, entre eles, a gestão de resíduos sólidos, transformados em gás e usado para atender a demanda energética, a purificação da água através do sistema de osmose reversa e a redução do desperdício de alimentos. Contudo, o que ganhou maior destaque foi o fato do Icon of the Seas ser movido a gás natural liquefeito, ou GNL, apontado como uma alternativa mais limpa ao combustível utilizado até hoje pela indústria de cruzeiros. Ele teria o “melhor desempenho na redução de emissões atmosféricas”.

Todavia, diversas organizações de proteção ambiental criticam o uso do GNL, já que a longo prazo, apesar de emitir 25% menos dióxido de carbono na atmosfera, o gás liquefeito tem como composto principal o metano, que retém cerca de 80 vezes mais calor do que o CO2.

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De acordo com a International Council on Clean Transportation, os navios atuais estão mudando de turbinas a vapor para motores de combustão interna de duplo combustível. Embora o GNL seja mais eficiente em termos de combustível, ele emite maior volume de metano “não queimado” para a atmosfera na forma de ‘vazamento de metano’.

“A Royal Caribbean está chamando o GNL de combustível verde quando o motor emite 70 a 80% mais emissões de gases de efeito estufa por viagem do que se usasse combustível marítimo normal”, afirmou Bryan Comer, diretor da organização, ao The Guardian. “O Icon of the Seas possui os maiores tanques de GNL já instalados em um navio. É greenwashing“.

Para o especialista, a indústria do setor deveria pensar em desenvolver outros tipos de combustíveis, como o hidrogênio ou o metanol verde.

Apelidado de "lasanha humana", maior navio de cruzeiros do mundo emite mais metano, muito pior para o aquecimento global

O Icon of the Seas partindo do porto de Miami
(Foto: divulgação Royal Caribbean International)

“Os navios estão ficando cada vez maiores e essa é a direção errada para a indústria de cruzeiros”, disse Marcie Keever, diretora do Programa Oceanos e Embarcações da organização ambientalista Friends of the Earth, em entrevista ao jornal The New York Times. “Se você estivesse realmente pensando na sustentabilidade e não nos resultados financeiros, não estaria construindo um navio de cruzeiro com capacidade para quase 10 mil pessoas”.

Apelidado de "lasanha humana", maior navio de cruzeiros do mundo emite mais metano, muito pior para o aquecimento global

Os números da “lasanha humana”: 20 deques, 2.800 quartos e oito “bairros”
(Imagem: divulgação Royal Caribbean International)

Há décadas as empresas de cruzeiros são criticadas pelo seu impacto ambiental. Mas será que existe mesmo uma forma dessas companhias serem mais sustentáveis? Cruzeiros conseguirão algum dia ser um novo nicho de ecoturismo?

Foto de abertura: divulgação Royal Caribbean International)

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