Todo ano, a Bloomberg Linea, agência especializada em noticias de economia e negócios, anuncia a lista das 500 pessoas mais influentes da América Latina, em áreas como entretenimento, tecnologia, finanças, beleza, varejo e esportes, entre outras (veja a lista completa no final deste post).
Não se trata de um ranking ou de uma lista organizada com base na fortuna acumulada por cada um, mas, sim, sobre os negócios que geram nos setores em que atuam, seja impulsionando economias locais, apoiando iniciativas relevantes para o bem da sociedade ou criando empregos e oportunidades.
Este ano, o Brasil está representado por 179 brasileiros – mais de 1/3 do total! -, o maior contingente entre todos os países participantes.
A seleção tem grandes empresários como Luisa Trajano, do Magazine Luísa, e Abílio Diniz, da holding Pão de Açúcar e pequenas empreendedoras como Bianca Andrade, da Boca Rosa Beauty, e Camila Coutinho, do Garotas Estúpidas e GE Beauty, que inspiram milhões de brasileiros com suas ideias. Também há profissionais como Marta Díez, CEO da Pfizer no Brasil, muito relevante no combate à pandemia.
Uma característica marcante da lista é a diversidade, não só em relação às áreas nas quais atuam os líderes escolhidos como também no que diz respeito à consciência social e ambiental, para além do talento para os negócios. Assim, há exemplos inspiradores e outros nem tanto que atuam nos setores de energia, mineração e metais, agronegócio, mercado imobiliário, saúde e gastronomia.
Negros e indígenas
A negritude está muito bem representada pelo rapper Mano Brown (que apresenta o podcast Mano a Mano em plataformas de streaming), a cantora Anitta (a primeira brasileira a conquistar o prêmio de Melhor Clipe de Música Latina do Video Music Awards 2022), a atriz e ativista feminista e antirracista Taís Araújo, a chef e ativista da alimentação orgânica e saudável Bela Gil, a jornalista Maju Coutinho.
Mas há apenas um representante indígena: Ailton Krenak, pensador, autor, ambientalista e uma das principais lideranças indígenas brasileiras e internacionais.
Autor de livros best-sellers – Ideias para Adiar o Fim do Mundo e A Vida não é Útil – e palestrante cobiçado, ele se destaca pela atuação à frente do Núcleo de Cultura Indígena (fundada por ele em 1985) e por suas contribuições à Aliança dos Povos da Floresta, criada por Chico Mendes no mesmo ano para defender as populações da Amazônia da ação de grileiros e madeireiros, e relançada em 2020 devido à pandemia.
Krenak é comendador da Ordem de Mérito Cultural da Presidência da República, Doutor Honoris Causa pelas universidades Federal de Juiz de Fora (2016) e de Brasília (2021). Em 2020, recebeu o Prêmio Juca Pato, da União Brasileira de Escritores.
E eis outra característica interessante da seleção da Bloomberg: o reconhecimento de empreendedores e CEOs do terceiro setor, que atuam em organizações da sociedade civil como Preto Zezé, da Central Única das Favelas (CUFA), Adriana Barbosa, da Feira Preta, e Edu Lyra, da ONG Gerando Falcões.
A música do mundo
O DJ ALOK – o mais famoso do Brasil, eleito o 4º melhor DJ do mundo pela revista britânica DJ Mag – se destaca por sua performance na área de entretenimento no Brasil e no mundo. Mas posso dizer que, de maneira enviesada, ele também representa os povos indígenas. Explico.
Desde 2014, ALOK vem se unindo a lideranças de diversas etnias (Huni Kuï, Yawanawá, Guarani, Xakriabá, Terena…) para disseminar sua cultura e a Amazônia por meio da música.
Em viagem a uma aldeia Yawanawá, há 8 anos, ALOK se encantou com a cultura e a espiritualidade desse povo e decidiu se comprometeu com a causa indígena. Depois de visitar os acampamentos realizados pela APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, em Brasília (para lutar por direitos) e conectar-se a outras lideranças, em 2021, ALOK participou do Festival Global Citizen: realizou show no meio da Amazônia com artistas indígenas (foto abaixo).
Na semana passada, eles se apresentaram na sede da ONU, em Nova York, antes da abertura da Assembleia Geral (foto abaixo). Em 2023, o DJ lançará álbum exclusivo, que integra o
O poder transformador do alimento
“Muuuuito feliz em estar na lista das 500 pessoas mais influentes da América Latina da Bloomberg”, celebrou Bela Gil em suas redes sociais.
“Por acreditar no poder transformador do alimento, entendo que podemos construir um futuro muito mais farto, alegre e saudável para todxs. Basta a gente ter consciência sobre a melhor forma de produzir, distribuir e consumir os alimentos (que não é o sistema global vigente)”, destaca.
E a chef, apresentadora e proprietária do restaurante de comida orgânica Camélia Ôdòdó acrescenta: “Sou mto grata por ter influenciado milhares de pessoas a refletirem mais sobre o que colocam no prato. Agora, meu desejo é influenciar os que têm o poder da caneta para que mais pessoas tenham o que comer. Sigamos na ambição de melhorar a saúde individual, coletiva e planetária pela comida”.
O Brasil do esporte
Entre os 179 brasileiros escolhidos pela Bloomberg há jogadoras e jogadores de futebol (Aline Pellegrino, Neymar e Vinicius Júnior, do Real Madri, que foi vítima de racismo pela torcida) e o técnico da seleção brasileira, Adenor Bachi, mais conhecido como Tite.
Mas, aqui, quero destacar a presença da maranhense Rayssa Leal, também conhecida como a Fadinha do Skate. Ela é a mais jovem medalhista olímpica do Brasil, “façanha conquistada aos 13 anos nas Olímpiadas de Tóquio, em 2021”.
Ela também é a atleta mais jovem a ganhar uma medalha no Mundial de Skate Street, aos 11 anos. Este ano, Rayssa venceu a 2ª etapa da Liga Mundial de Skate Street, transformando-se na “maior vencedora de etapas da história da competição entre mulheres”.
Fotos: Bloomberg Liena/divulgação