Na China, tudo é grandioso, a começar pelo tamanho do país! Os edifícios, as cidades, os rios, a população, tudo é grande. E isso pode acontecer também na natureza. A árvore mais alta da Ásiatambém mora lá.
Se você fizer uma busca na internet por “a árvore mais alta da Ásia”, é possível que ainda seja direcionada/o para links que indicam a Menara ou meranti amarela Shorea faguetiana, com 100,8 metros de altura, que está localizada na Malásia.
No entanto, seu recorde foi quebrado por um cipreste do Himalaia – Cupressus torulosa, da família das Cupressáceas, que cresceu até 102,3 metros (o equivalente a um prédio de 30 andares), de acordo com pesquisadores da Universidade de Pequim, que atuam na Reserva Natural Nacional do Grand Canyon Yarlung Zangbo, na região autônoma de Xizang, no sudoeste da China.
A espécie cipreste-do-himalaia é natural da China, Índia, Butão e Nepal e está entre as árvores mais altas do planeta, mas essa ultrapassou os limites!
Localizado no Vale do Rio Brahmaputra, no Tibete, o Canyon Yarlung Zangbo tem uma característica muito interessante: não é o canyon mais famoso (como o Grand Canyon do Arizona), mas é o mais profundo do mundo, com 5 mil metros!
A árvore mais alta da Ásia está lá e ainda é a segunda árvore mais alta do mundo, perdendo apenas para a Hyperion, uma Sequoia sempervirens, que vive no Parque Nacional Redwood, no norte da Califórnia, nos Estados Unidos. Ela atinge 116,12 metros de altura e cerca de 5 metros de diâmetro e foi descoberta em 8 de setembro de 2006 pelos naturalistas Chris Atkins e Michael Taylor.
A seguir, veja a foto do Cipreste registrada com drone por pesquisadores da Universidade de Pequim.
A descoberta, a tecnologia e o futuro
Classificados na China como espécies vegetais protegidas de primeira classe, os ciprestes do Himalaia são muito raros. Nesse país, a espécie está distribuída principalmente nas regiões sudeste de Xizang, e apenas um pequeno número delas na Reserva Natural Nacional do Grand Canyon Yarlung Zangbo, como já contei.
Foi num aglomerado de cipreste gigantes nessa região que o mais alto cipreste-do-himalaia chamou a atenção do pesquisador Li Cheng, do Centro de Conservação de Xizijiang. Mas foi só em maio deste ano que um grupo de pesquisadores, liderado por Guo Qinghua, se aventurou em busca de seu paradeiro.
Equipados com um drone, eles adentraram a floresta profunda para localizar o Cupressus torulosa. Mas o segredo para conseguir localizá-lo, em meio ao aglomerado de ciprestes, estava numa mochila de alta tecnologia: mais especificamente um sensor LiDAR, que mapeia áreas com precisão, coleta dados detalhados em grandes áreas – em curto período de tempo – e processam dados com rapidez.
Graças a essa tecnologia, foi possível medir rapidamente troncos de árvores de hectares inteiros da floresta e esfregar suas folhas, mas também obter modelos precisos de nuvens de pontos 3D dessas árvores.
A nuvem de pontos 3D é um registro digital altamente preciso de determinados objetos. Ao usar um scanner a laser 3D e o sensor LiDAR para medir uma área, os pesquisadores obtiveram rapidamente as dimensões, tamanhos e dados de layout (veja na imagem abaixo).
Muito a explorar
Durante a busca, os cientistas observaram uma grande quantidade de árvores gigantes com mais de 85 metros de altura, sendo 25 delas com mais de 90 metros de altura.
Com a descoberta do maior Cipreste-do-himalaia, os cientistas esperam estabelecer uma rede de monitoramento rigoroso e meticuloso para garantir a proteção e a saúde, a longo prazo, desses seres grandiosos, que incluem informações sobre densidade de distribuição, população e idade.
Repleto de altas montanhas e desfiladeiros profundos, no Grand Canyon Yarlung Zangbo ainda existem muitas áreas inacessíveis. Devido à sua importância para a pesquisa, os cientistas desta jornada fizeram apelos para pesquisadores de todo o país para que prestem mais atenção à região e realizem estudos mais aprofundados sobre a biodiversidade nela existente. As lacunas são muitas.
A pesquisa do Cupressus torulosa foi concluída em conjunto por cientistas da Universidade de Pequim, do Centro de Conservação de Xizijiang e do Centro de Conservação de Shan Shui, com o apoio da Administração Nacional de Silvicultura e Pastagens e dos departamentos provinciais e regionais de silvicultura e pastagens do país.
A experiência lhes rendeu novos conhecimentos sobre árvores de grandes proporções e sua importância para os ecossistemas florestais.
A importância das árvores gigantes
O último registro da árvore mais alta da Ásia foi feito em 9 de outubro de 2022. Era uma Abies ernestii var salouenensis, um tipo de abeto perene, de 83,2 metros de altura, no condado de Zayu, na mesma região autônoma de Xizang.
Olha só! Menor que nosso Angelim Vermelho, a maior árvore da Amazônia, com 88,5 metros, descoberta em outubro de 2022 na Floresta Estadual do Paru, no Amapá, que mostramos aqui.
A descoberta de 2022 reescreveu os registros das árvores mais altas da Ásia e o local foi identificado como região com a maior altura e densidade de distribuição de árvores gigantes na China.
Árvores gigantes são raras, mesmo em todo o mundo, porque sua existência requer condições de solo e clima adequadas. Para resistir, elas devem ficar protegidas contra vento, fogo, raios e a interferência do ser humano.
Desempenham papel insubstituível na biodiversidade e no valor ecológico, crescendo em florestas primitivas com rica biodiversidade. Estudos revelam que sua existência confirma a autenticidade e a integridade do ecossistema onde vivem.
Além disso, as árvores gigantes têm sistema de ramificação muito complexo e estrutura vertical que garantem microclimas e habitats ideais para abrigar espécies de plantas e animais ameaçados de extinção.
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Leia também:
– Pesquisadores encontram a árvore mais alta da Amazônia: um Angelim vermelho de 88,5 metros, na Floresta Estadual do Paru, no Amapá (outubro 2022)
– Árvore mais antiga do mundo, com mais de 5 mil anos, pode ser um cipreste no Chile (maio 2022)
Foto (destaque): Zhao Shiang/Shan Shui Consevation Center