810 km² da Amazônia Legal – que compreende nove estados situados na bacia amazônica – foram devastados em março de 2021, o que representa 216% a mais do que no mesmo mês no ano passado: 256 km². A área destruída é também a maior da série histórica dos últimos dez anos, referente ao esse mês.
Os dados foram divulgados hoje pelo Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia com base no Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD*), que monitora as áreas desmatadas na região, via satélite. O boletim do desmatamento está disponível no site da instituição.
Vale ressaltar que esta divulgação ocorre às vésperas da Cúpula do Clima, que ocorrerá em 22 de abril – Dia da Terra -, liderada pelos EUA.
Também ocorre dias depois de Ricardo Salles, ministro do meio ambiente, declarar que quer US$ 1 bilhão para reduzir em 40% o desmatamento na Amazônia até maio de 2022, e receber uma resposta rápida do ministro do meio ambiente da Noruega, Sveinung Rotevatn, país que é o principal financiador do Fundo Amazônia, que Salles destruiu: “Diminuir desmatamento requer vontade política, não financiamento’.
Na semana passada, Salles ainda foi alvo de “notícia-crime” no Superior Tribunal Federal por atrapalhar investigações da Polícia Federal do Amazonas contra madeireiros poderosos. Ele criticou a maior apreensão de madeira da história do país. O superintendente da PF do Amazonas, autor da denúncia, foi afastado do cargo e das investigações, claro!
E, há três dias, John Kerry, do Departamento de Mudanças Climáticas dos EUA, respondeu à carta de Bolsonaro enviada à Biden, pelo Twitter: “O compromisso do presidente Jair Bolsonaro de eliminar o desmatamento ilegal é importante. Esperamos ações imediatas e engajamento com as populações indígenas e a sociedade civil para que este anúncio possa gerar resultados tangíveis”.
Quem Salles e Bolsonaro pensam que podem enganar?
Os números do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (que, há uma semana, divulgou o desmatamento de março) e, agora, os do Imazon, confirmam que este governo não está interessado em proteger a Amazônia da devastação.
Pará e Mato, líderes
Os estados líderes de desmatamento são Pará, com 35%, e Mato Groso, com 25%, e somam 60% da área registrada. São seguidos por Amazonas (12%), Rondônia (11%), Roraima (8%), Maranhão (6%), Acre (2%) e Tocantins (1%).
Áreas privadas ou “sob diversos estágios de posse” representam 66% do desmatamento detectado pelo SAD, em março. O restante aconteceu em assentamentos (22%), Unidades de Conservação (11%) e Terras Indígenas (1%).
O Imazon também revelou que, de janeiro a março deste ano, foi registrado outro recorde de desmatamento: a área devastada nesse período é mais do que o dobro de 2020, a maior da série em dez anos.
7 das 10 UCs mais desmatadas
A análise do Imazon também constatou que, entre as Unidades de Conservação (UCs), sete das dez mais desmatadas estão no estado do Pará:
– APA Triunfo do Xingu,
– FLONA do Jamanxim,
– APA do Tapajós,
– FLONA de Altamira,
– FLONA de Itaituba II,
– REBIO Nascentes da Serra do Cachimbo e
– ESEC da Terra do Meio.
As demais estão localizadas em Rondônia – RESEX Rio Preto-Jacundá e
RESEX Jaci Paraná – e no Maranhão: REBIO do Gurupi.
A degradação das florestas – caracterizada pela extração de ãrvores, em geral para o comércio de madeira e devido às queimadas – na Amazônia Legal atingiu 64 km² em março deste ano, representando aumento de 156% em relação ao mesmo mês em 2020 (25 km²).
Foi detectada principalmente em Rondônia (39%), Mato Grosso (36%) e Pará (25%).
Foto: Ibama/Divulgação