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Mais de 40 empresas globais assinam carta para pedir que parlamentares rejeitem o ‘PL 2633′ ou ‘PL da Grilagem’ e ameaçam boicotar o Brasil

Estamos profundamente preocupados com a Medida Provisória 910 (agora alterada para PL
2633/2020),
que foi submetida a votação no Congresso Brasileiro e que legalizaria a ocupação privada de terras públicas, concentradas principalmente na Amazônia. (…) Pedimos que o governo brasileiro reconsidere sua posição, e esperamos continuar a trabalhar com parceiros no Brasil para demonstrar que o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental não são mutuamente exclusivos”.

Assim, mais de 40 empresas globais dos setores de finanças, agronegócio, hotelaria, turismo e varejo fazem um apelo ao governo Bolsonaro e também aos deputados federais e senadores para que rejeitem o ‘PL da Grilagem’.

Entre as empresas signatárias estão o fundo de pensão sueco AP7, a seguradora norueguesa Storebrand, as redes de alimentos Burger King, Nandos, Waitrose, além das redes de supermercados Sainsbury’s, Tesco, Morrisons e Marks & Spencer.

Desde o ano passado, o Brasil tem sofrido sanções comerciais devido ao uso excessivo de agrotóxicos. Em junho, por exemplo, divulgamos que uma rede de mercados sueca assumiu, nas redes sociais, o boicote aos produtos alimentícios produzidos aqui. Em agosto, França, Finlândia, e Irlanda também fizeram ameaças de sanções comerciais ao Brasil devido ao desmatamento na Amazônia.

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Agora, as empresas que assinam a carta aos parlamentares e ao governo também acenam com essa possibilidade: “Acreditamos que isso também colocaria em risco a capacidade de organizações como as nossas de continuar a comprar do Brasil no futuro”. Apostar num modelo de destruição ambiental só pode resultar em repúdio mundial.

Leia a íntegra da carta e conheça todas as empresas que se manifestaram, no final deste post.

Ajude a impedir a votação do PL 2633!

Na semana passada, parlamentares da oposição conseguiram impedir a votação da polêmica MP 910, e ela caducou ontem. Mas, antes que isso acontecesse, seu relator, deputado Zé Silva, a transformou no PL 2633, que ganhou novo relator: o deputado Marcelo Ramos, do Amazonas.

Veja bem… ele representa o estado do Amazonas e, por isso, em vez de defender o favorecimento de invasores de terras públicas e o inevitável aumento da devastação na floresta amazônica, deveria estar intercedendo no Congresso pelo povo de seu estado, que apresenta os maiores índices de morte por coronavírus e um sistema de saúde em colapso.

O projeto de lei que ele defende – e mantém o texto polêmico da MP – pode ser votado ainda hoje, 20/5, em sessão online da Câmara dos Deputados, como declarou seu presidente, Rodrigo Maia.

Por isso, assine a carta no site Saldão da Amazônia, que foi atualizada e é endereçada ao relator, Marcelo Ramos, e todos os deputados que apoiam o projeto de lei. E compartilhe em suas redes sociais.

Bandidagem e devastação

O Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, que ontem divulgou o índice recorde de desmatamento do mês de abril (o maior nos últimos dez anos, que aumentou 171% em relação ao mesmo mês no ano passado), estima que, se aprovado, o PL poderá provocar a destruição de 11 mil a 16 mil km2.

A carta alerta para isso e vai além: “incentivará a apropriação de terras e o desmatamento generalizado que colocará em risco a sobrevivência da Amazônia e o cumprimento das metas do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, além de prejudicar os direitos das comunidades indígenas e tradicionais“.

Essa manifestação se soma às críticas ferozes dos ambientalistas, às instituições que representam o agronegócio e participam da Coalizão Brasil, Clima Florestas e Agricultura, ao parecer em contrário do Ministério Público Federal e à mobilização de artistas do movimento 342 Amazônia como Caetano Veloso, Guilherme Weber, Beth Faria, Malu Mader, Bruno Gagliasso, que gravaram vídeo com apelo direto ao relator do PL, divulgado nas redes sociais. A cantora Annita também tem sido uma ativista aguerrida pela proteção da Amazônia e contra a MP 910, agora PL 2633.

Carta aberta sobre a proteção da Amazônia

Leia o texto da carta na íntegra e conheça a lista completa de empresas signatárias:

A Amazônia é um dos ecossistemas mais vitais do nosso planeta: ela não apenas contém 30% da floresta tropical do mundo, mas também abriga 10% de todas as espécies conhecidas. Ainda mais importante, a Amazônia desempenha um papel essencial na regulação do clima global, do ciclo da água e seu papel na resiliência do sistema, que é fundamental para a saúde planetária. Também reconhecemos que ela é um recurso econômico crucial para o Brasil, agora e no futuro.

No ano passado, incêndios e destruição generalizados na Amazônia foram notícia em todo o mundo. Como empresas globais e investidores com interesses no Brasil, desejamos ver uma continuação na liderança do Brasil em leis e acordos florestais, como a Moratória da Soja na Amazônia.

Sabemos que devemos fazer com que a proteção da Amazônia seja economicamente mais atraente do que destruí-la, refletindo seu verdadeiro valor para o mundo – e queremos trabalhar com todas as partes brasileiras interessadas nesse aspecto.

O que permanece essencial é que seja interrompida qualquer destruição adicional. 

Estamos profundamente preocupados com a Medida Provisória 910 (agora alterada para PL
2633/2020), que foi submetida a votação no Congresso Brasileiro e que legalizaria a ocupação privada de terras públicas, concentradas principalmente na Amazônia.

Caso a medida seja aprovada, ela incentivará a apropriação de terras e o desmatamento generalizado, o que colocariam em risco a sobrevivência da Amazônia e o cumprimento das metas do Acordo de Mudança Climática de Paris, além de prejudicar os direitos das comunidades indígenas e tradicionais.

Acreditamos que isso também colocaria em risco a capacidade de organizações como as nossas de continuar a comprar do Brasil no futuro.

Queremos continuar a comprar e investir no Brasil, bem como a ajudar a garantir que a proteção da Amazônia possa ser economicamente produtiva para todos. Pedimos que o governo brasileiro reconsidere sua posição, e esperamos continuar a trabalhar com parceiros no Brasil para demonstrar que o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental não são mutuamente exclusivos.

AB Agri Ltd
Agricultural Industries Confederation (AIC)
Ahold Delhaize
ALDI SOUTH Group
AP7 (Sjunde AP-fonden)
Asda Stores Ltd.
British Retail Consortium
Burger King UK
Congregation of Sisters of St. Agnes
Co-op Switzerland
The Co-operative Group
Dominican Sisters ~ Grand Rapids
Donau Soja
EdenTree Investment Management
Hilton Food Group
Iceland Foods
Jerónimo Martins SGPS S.A.
Joseph Rowntree Charitable Trust
Kerry Group
KLP Kapitalforvaltning AS
Lidl Great Britain
Marks & Spencer
METRO AG
Migros
Moy Park
Nando’s
National Pig Association
Ocado
Pax World Funds
Polden-Puckham Charitable Foundation
ProTerra Foundation
Retail Soy Group
Rewe Group
Robeco
J Sainsbury Plc
Storebrand Asset Management
Swedbank Robur Fonder AB
Tesco Stores Plc
Tulip Ltd
Waitrose & Partners
Wm Morrison Supermarkets Plc

Foto: Marcos Vergueiro/SECOMMT

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