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Justiça determina transferência do elefante Sandro do zoo de Sorocaba para o Santuário dos Elefantes, na Chapada dos Guimarães, no MT 

Justiça determina transferência do elefante Sandro do zoo de Sorocaba para o Santuário dos Elefantes, na Chapada dos Guimarães, no MT

Finalmente, após 43 anos sofrendo maus-tratos num espaço inadequado no Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, em Sorocaba, no interior de São Paulo, o elefante Sandro vai poder viver livre, com dignidade e conhecer o que lhe foi negado, desde o nascimento: o direito de ser um elefante.

A ação judicial da Anda – Agência de Notícias dos Direitos Animais em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo contra a prefeitura de Sorocaba – que lutou para mantê-lo prisioneiro, negando os maus-tratos e alegando que já estava velho demais para enfrentar uma longa viagem (contamos aqui) -, resultou na sentença emocionante do juiz Alexandre de Mello Guerra, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (comarca e foro de Sorocaba), amparada por laudos técnicos considerados “inequívocos”.

Ontem (23), o magistrado reconheceu as péssimas condições em que Sandro vive confinado, entre elas falta de espaço, ausência de cuidados veterinários especializados e carência de estímulos ambientais. 

Ao mesmo tempo, considerou o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), instalado na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, como o ambiente ideal para um animal idoso – ele está com 53 anos –, devido às vastas áreas naturais que oferece, além de recursos hídricos, recintos amplos, ventilados e adequados e ótima estrutura de limpeza, higiene, veterinária e de alimentação.

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Por fim, o juiz determinou que a transferência do animal deve ser executada em até 45 dias(sob pena de multa diária de R$ 2 mil), período no qual deve ser realizada a aclimatação ao contêiner (caixa de transporte). E que, durante todo o trajeto – que não deve ter trechos de grande vibração, mas deve contemplar pausas estratégicas e monitoramento –, Sandro deve contar com acompanhamento veterinário, alimentação adequada e limpeza do recinto.  

A prefeitura de Sorocaba ainda foi condenada a arcar com as custas do processo.

Jornada tranquila 

Quem acompanhou a viagem da elefanta africana Pupy, do Ecoparque de Buenos Aires, na Argentina, para as instalações do SEB, na semana passada, sabe que o que o juiz Alexandre Mello Guerra exige, na sentença – a fim de garantir uma boa jornada para Sandro ao seu novo lar -, é o que o santuário oferece a todos os seus futuros moradores. 

Hoje, faz uma semana que ela chegou à Chapada dos Guimarães e até seu semblante mudou de tanta felicidade que tem sentido todos os dias, se alimentando bem e explorando o vasto espaço de vegetação, poços de lama, montes de terra e muita água – com direito a banho de mangueira -, rodeado de montanhas e banhado pelo sol.

Marco e convocação 

Para Letícia Filpi, diretora jurídica da Anda, “a sentença mostra que não há mais espaço para a existência de zoológicos. Cada processo traz provas irrefutáveis da impossibilidade de manter animais selvagens em cativeiro para entretenimento”. E celebrou: “Sandro sofreu as atrocidades da escravidão por mais de 50 anos. Agora é hora de viver com dignidade e liberdade!”.

Silvana Andrade, presidente da Anda, também celebra o futuro do elefante: “Essa conquista é resultado de anos de resistência e luta pelo fim da exploração de animais. Sandro representa milhares de outros animais que ainda aguardam por justiça. Sua libertação é um marco e uma convocação para que a sociedade e o poder público repensem, de forma urgente, a abolição de zoológicos e aquários”.

Um pouco da história de Sandro

“A trajetória de Sandro é marcada pela dor intensa do confinamento”, conta a Anda, em seu site. O elefante nunca teve acesso à liberdade.

Ele nasceu na América Latina, em circo, e foi explorado por essa atividade até ser comprado pelo zoo de Sorocaba, aos dez anos.

Viveu sozinho até os 26 anos, quando conheceu sua companheira Haissa, uma elefanta asiática, que vivia num zoológico em Santa Catarina, com duas irmãs. A intenção ao juntá-los no mesmo recinto era de que tivessem filhotes, mas isso nunca aconteceu. 

Em 18 de novembro de 2020, Haissa partiu, aos 60 anos. Ela sofria de artrose, uma doença degenerativa que não tem cura, mas, de acordo com a Anda, há suspeitas de negligência.

Desde então, Sandro vive sozinho, em local insalubre, tornando-se “símbolo do sofrimento silencioso de animais mantidos em cativeiro”, conta a Anda. 

Elefantes de vida livre costumam viver até 70 anos; no cativeiro, bem menos. Sandro tem resistido à exploração e ao abandono e chegou aos 53 anos. Mas não importa quanto tempo de vida ele ainda tem. Agora, finalmente, vai descobrir o que é liberdade, com respeito e dignidade. Eu diria mais: com amor também porque a equipe do santuário, a começar por seu líder, Scott Blaiss, além de muito profissional, se revela sempre amorosa com todos os seus hóspedes. 

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Leia também:
ONGs do Brasil e do exterior pedem transferência do elefante Sandro de zoológico no interior de São Paulo para santuário no Mato Grosso 

Com informações da Anda (Agência de Notícias dos Direitos Animais)

Foto: prefeitura de Sorocaba / divulgação

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