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Juiz proíbe deportação de Mahmoud Khalil, ativista palestino preso nos Estados Unidos

Juiz proíbe deportação de Mahmoud Khalil, ativista palestino preso nos EUA

Após a prisão do ativista palestino Mahmoud Khalil, no sábado (08/03), por agentes do Departamento de Imigração dos Estados Unidos, dois dias depois o juiz federal Jesse Furman proibiu temporariamente a possível deportação do estudante, que foi uma das principais vozes nas manifestações no campus da Universidade de Columbia, em Nova York, em abril de 2024, que pediam um cessar-fogo na guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.

Mahmoud completou seu mestrado na universidade em dezembro do ano passado. Ele possui um green card, documento que garante sua residência nos Estados Unidos. Além disso, é casado com uma cidadã americana, que está grávida de oito meses.

Embora esteja legalmente no país, o ativista foi detido no apartamento onde mora, que pertence à universidade, por agentes federais, sob ordens do Departamento de Estado, e levado inicialmente para uma prisão em Nova Jersey e depois, transferido para a Louisiana, sob a alegação que ele estaria alinhado com o Hamas. Ao confirmar a prisão de Mahmoud, Marco Rubio, secretário de Estado, afirmou que apoiadores do grupo terrorista perderiam seus vistos e green cards e seriam deportados.

O presidente Donald Trump celebrou a prisão do estudante em sua rede social, a Truth Social, afirmando que essa seria “a primeira de muitas detenções que se seguirão.”

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Desde que assumiu o governo, Trump tinha declarado que iria atrás dos alunos que participaram de manifestações pró-Palestina e combateria o antissemitismo. No sábado também, dia da prisão do ativista, a Casa Branca anunciou a suspensão do repasse de U$ 400 milhões de fundos federais para a Universidade de Columbia, porque, segundo o Departamento de Justiça, a instituição não teria “protegido os professores e estudantes judeus”.

Liberdade de expressão em risco

Segundo a advogada de Mahmoud, que já conseguiu falar com seu cliente, ele se encontra bem. “Ele agradece o apoio extraordinariamente amplo e firme que recebeu de uma variedade de comunidades que entendem o que está em jogo”, escreveu Amy Greer em um comunicado divulgado para a imprensa. “[Mahmoud] foi escolhido como um exemplo para sufocar a dissidência inteiramente legal, em violação à Primeira Emenda”.

A Primeira Emenda a que ela se refere é o primeiro artigo da Constituição dos Estados Unidos que garante seis direitos fundamentais, entre eles, a liberdade de expressão.

“Nos Estados Unidos, a Primeira Emenda garante a todos a liberdade de expressão. Ter como alvo um estudante ativista é uma afronta aos direitos de Mahmoud Khalil e sua família. Este ato flagrantemente inconstitucional envia uma mensagem deplorável de que a liberdade de expressão não é mais protegida na América. Além disso, Khalil e todas as pessoas que vivem nos Estados Unidos têm direito ao devido processo legal. Um green card só pode ser revogado por um juiz de imigração, mostrando mais uma vez que o governo Trump está disposto a ignorar a lei para incutir medo e promover sua agenda racista”, se manifestou em nota a New York Immigration Coalition.

“A decisão ilegal do Departamento de Estado de prendê-lo somente por causa de seu ativismo pacífico antigenocídio representa um ataque flagrante à garantia da Primeira Emenda de liberdade de expressão, leis de imigração e a própria humanidade dos palestinos. Nós e outros grupos de direitos civis estamos em comunicação com o advogado de Mahmoud. Esta luta está apenas começando”, também declarou a organização pelos direitos dos muçulmanos CAIR.

Uma audiência será realizada na quarta-feira (12/03), em uma corte da Nova York, para discutir o caso do ativista e o pedido de um habeas corpus. Além disso, sua advogada solicitou à justiça seu retorno ao local onde ele vive.

“O jogo de fachada do ICE [Departamento de Imigração] de transferi-lo para a Louisiana é uma tática flagrantemente imprópria, mas familiar, projetada para frustrar a jurisdição do tribunal federal de Nova York e isolar Mahmoud para longe de seus advogados, de sua casa e de sua comunidade local de apoio — embora agora seu crescente grupo de apoio se estenda internacionalmente”, afirmou Amy.

Protestos nas ruas contra prisão

Logo que a notícia da prisão de Mahmoud Khalil se tornou pública, começaram os protestos nas redes sociais e nas ruas. Manifestantes, com cartazes pedindo a liberdade do ativista, foram vistos em Nova York, e mais passeatas estão programadas para acontecer nesta terça-feira (11/03), em Chicago, e no campus da Universidade de Stanford, na Califórnia.

“Um estudante palestino e membro da comunidade foi sequestrado e detido sem a demonstração física de um mandado ou acusações oficiais. Como muitos outros estudantes árabes e muçulmanos, Khalil tem sido alvo de várias campanhas de assédio sionistas. Esse direcionamento racista serve para incutir medo em ativistas pró-Palestina, bem como um aviso para outros”, denunciaram em nota, amigos do estudante.

O político Hakeem Jeffries, membro do partido Democrata e da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, também criticou a prisão de Mahmoud. “Na ausência de evidências de um crime, como fornecer apoio material a uma organização terrorista, as ações empreendidas pelo governo Trump são totalmente inconsistentes com a Constituição dos Estados Unidos”, ressaltou.

A detenção ilegal do ativista foi repudiada tanto por organizações palestinas como judaicas. “A prisão escandalosa de Mahmoud pela administração Trump foi planejada para incutir terror em estudantes que falam pela liberdade palestina e comunidades de imigrantes. Este é o manual fascista. Todos nós devemos rejeitá-lo ferozmente, e as universidades devem começar a proteger seus alunos”, escreveu a Jewish Voice for Peace, na plataforma Bluesky.

A mulher de Mahmoud, que não teve seu nome divulgado por questões de segurança, também emitiu uma nota pedindo pela liberdade do marido. “Para todos que estão lendo isso, peço que vejam Mahmoud através dos meus olhos como um marido amoroso e o futuro pai do nosso bebê”, escreveu. “Preciso da sua ajuda para trazer Mahmoud para casa, para que ele esteja aqui ao meu lado, segurando minha mão na sala de parto enquanto damos as boas-vindas ao nosso primeiro filho neste mundo. Por favor, libertem Mahmoud agora.”

Há uma petição online, criada na plataforma Action Network, que já tem mais de 2 milhões de assinaturas, pedindo a liberdade do ativista.

*Com informações do The Guardian, CNN, NBC News, Columbia Spectator e The New York Times

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Foto de abertura: divulgação CAIR

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