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Na Amazônia, áreas com maior concentração de árvores ameaçadas de extinção abrigam maior diversidade de abelhas

Na Amazônia, áreas com maior concentração de árvores ameaçadas de extinção abrigam maior diversidade de abelhas

Áreas da Amazônia com maior concentração de árvores ameaçadas de extinção abrigam uma maior diversidade de abelhas. É o que aponta artigo de pesquisadores do Instituto Tecnológico Vale (ITV), publicado ontem (13) na revista Functional Ecology, da British Ecological Society.

O trabalho investigou como certas características das árvores – tamanho, grossura e risco de extinção – se relacionam com a riqueza funcional das abelhas nesses ambientes, considerando fatores como o tamanho desses insetos, o tipo de ninho formado e a sociabilidade entre indivíduos da mesma espécie.

Para isso, a equipe registrou dados de quase 2.300 árvores em seis trechos da Floresta Nacional de Carajás**, no sudeste da Amazônia. Além disso, foram coletadas abelhas que estavam voando nesses ambientes, bem como indivíduos atraídos para armadilhas de mel instaladas pela equipe.

Os insetos capturados foram classificados em 98 espécies, enquanto as árvores analisadas totalizaram 359. A pesquisa foi realizada entre 2021 e 2022 e ambas as amostragens foram repetidas a cada ano.

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Rede de interações

Segundo Adrian González, pesquisador do ITV e principal autor do estudo, as árvores em risco podem estar associadas a condições como clima, solo e topografia que beneficiam uma alta diversidade de plantas. Por consequência, oferecem mais recursos para as abelhas. “Além dos recursos florais, essas espécies podem fornecer locais apropriados para nidificação e produção de óleos florais, que também são fonte de alimento para esses animais”, complementa o pesquisador.

Ao mesmo tempo em que oferecem habitat e matéria-prima para a sobrevivência das abelhas, González ressalta que as árvores em risco de extinção também precisam desses insetos para se reproduzirem, e alerta para a importância da conservação dessas espécies, visto que a extinção de uma das pontas dessa relação ameaça seriamente a outra.

“A perda desses polinizadores resultaria na perda da frutificação e da geração de sementes dessas árvores, o que, a longo prazo, poderia levar à homogeneização da biota, restando poucas espécies que interagem entre si”, alerta.

Além dos danos ecológicos que esse cenário de perdas poderia causar na região amazônica, a redução da diversidade das abelhas e de árvores com as quais se relacionam poderia afetar a segurança alimentar e a economia do país, interferindo na diversidade de frutas, como o açaí, que são consumidas pela população nacional e exportadas, avalia González.

O pesquisador também destaca que a manutenção dessa rede de interações é essencial para mitigar os impactos das mudanças climáticas, já que as árvores amazônicas armazenam carbono, o que previne a dissipação de altas quantidades de gases de efeito estufa no ambiente.

O autor defende que as conclusões obtidas podem ajudar a reforçar e integrar políticas existentes com o objetivo de promover uma conservação mais assertiva da vegetação e das abelhas amazônicas. “Nossos resultados reforçam que essas áreas são de grande importância para a conservação da biodiversidade e para preservar a diversidade funcional das abelhas”, observa González.

* Texto originalmente publicado pela Agência Bori em 13/11/2024
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Foto: João Marcos Rosa / Nitro Imagens (Floresta Nacional de Carajás)

** A mineradora Vale, fundadora do Instituto Vale, explora áreas da Floresta Nacional dos Carajás

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