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Alimentação do tatu-canastra tem importância vital no ecossistema do Pantanal, revelam pesquisadores 

Alimentação do tatu-canastra pode ser a chave para o equilíbrio do Pantanal, revelam pesquisadores 

maior tatu entre as 21 espécies existentes somente no continente americano vive no Brasil. É o tatu-canastra (Priodontes maximus), que pode chegar a um metro e meio de comprimento (do focinho à cauda) e ultrapassar 50 quilos.

Raro, está ameaçado de extinção (na Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) é classificado como espécie vulnerável) e é um dos animais mais emblemáticos da maior área úmida do planeta, o Pantanal.

Recentemente, pesquisadores do Programa de Conservação do Tatu-canastrado ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres), concluíram estudo sobre os hábitos alimentares da espécie, que revelaram informações inéditas a cerca de sua dieta, posição na cadeia alimentar e papel no equilíbrio do ecossistema pantaneiro

Alimentação do tatu-canastra pode ser a chave para o equilíbrio do Pantanal, revelam pesquisadores 

Realizada na sub-regiao pantaneira da Nhecolândia, mais especificamente na Fazenda Baía das Pedras, a pesquisa levou mais de uma década, período em que foram coletadas e analisadas 113 amostras fecais de 29 tatus-canastra monitorados pelo programa. 

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O estudo resultou no artigo ‘Hábitos alimentares do tatu gigante nas áreas úmidas brasileiras’ (Dietary habits of the giant armadillo (Priodontes maximus) in the Brazilian wetlands), publicado em abril na prestigiada revista científica Mammal Research.

Muito além de cupins e formigas

A missão da equipe de pesquisadores – liderada pela Dra. Nina Attias, coordenadora científica do ICAS e uma das autoras do artigo (veja quem integrou o grupo, no final deste post*) – era compreender a dieta do tatu-canastra e descobrir se a espécie é apenas mirmecófaga, ou seja, se alimenta apenas de cupins e formigas.

E o que descobriram? Na verdade, cupins e formigas são a base de sua dieta – em especial, os cupins -, o que torna esse tatu gigante o maior insetívoro especialista neotropical. Mas ele também se alimenta de uma variedade surpreendente de invertebrados e plantas

Fezes de tatu-canastra
Foto: ICAS/divulgação

Em suas fezes, foram encontrados 23 morfotipos de Isoptera (cupins), 50 morfotipos de Hymenoptera (formigas), 14 tipos de sementes, fragmentos de plantas, fragmentos não identificáveis de artrópodes e de escaravelhosovos de invertebrados, peixe Acari e, também, frutas, evidenciando uma dieta mais diversificada do que se pensava, até então.

“Ao longo do estudo, pudemos observar que os tatus-canastra adotam um comportamento oportunista em relação à alimentação. Embora os cupins sejam sua principal fonte de alimento, eles também consomem formigas e pequenos animais, como sapos”, explicou a Dra. Attias. 

Em relação ao consumo de frutas, vale destacar que esse hábito sugere que a espécie tem papel importante como dispersora de sementes, o que contribui para a regeneração e manutenção da vegetação nativa do Pantanal.

Outro aspecto importante indicado pelo estudo: a descoberta do papel tatu-canastra no controle de pragas agrícolas. Isso acontece porque as formigas mais apreciadas pela espécie – Carebara coeca e Atta vollenweideri – também são pragas de diversas culturas. 

Fezes de tatu-canastra, em análise
Foto: ICAS/divulgação

Mais: “Ao consumir essas formigas, os tatus-canastra desempenham papel crucial no controle biológico de pragas, reduzindo potencialmente a necessidade de pesticidas prejudiciais ao meio ambiente”, ressaltou a especialista.

Então, nosso tatu é aliado da agricultura local e, ao mesmo tempo, do meio ambiente.

Vital para o Pantanal

Compreender os hábitos alimentares desses animais não só permite tomar decisões mais assertivas, mas também possibilita a implementação de medidas mais eficazes para garantir a preservação da espécie e, de quebra, a conservação do ecossistema pantaneiro.

“Ao destacar os diversos serviços ecossistêmicos prestados pelos tatus-canastra, demonstramos como sua conservação beneficia não apenas a biodiversidade, mas também a sociedade como um todo, causando um efeito positivo para o meio ambiente e, até mesmo, para a economia dos proprietários de fazendas”

E a pesquisadora acrescenta: “De acordo com a Embrapa Pantanal, mais de 90% da área do Pantanal pertence à iniciativa privada”.

Assim, o estudo dos hábitos alimentares do tatu-canastra não apenas lança luz sobre a ecologia dessa espécie fascinante, mas também destaca sua importância vital para o funcionamento saudável do ecossistema do Pantanal brasileiro.

O tatu-canastra parece um mini-dinossauro, não?
Foto: ICAS/Divulgação

Participaram da pesquisa e do artigo

Além da Dra. Nina Attias, participaram da pesquisa e são autores do artigo:

Natália Teixeira Nascimento (Programa de Pós-graduação em Biologia Animal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande, Mato Grosso do Sul), 
Tainara Galvão Santana (Programa de Pós-graduação em Biologia Animal, UFMS, Campo Grande/MS), Mauricio Rocha (Museu de Zoologia, USP, São Paulo), 
Mariáh Tibcherani (Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, UFMS, Campo Grande/MS), 
Gabriel Massocato (ICAS, Campo Grande/MS e Houston Zoo, Houston, Texas/EUA), Danilo Kluyber (ICAS e Naples Zoo at Caribbean Gardens, Naples, Florida/EUA) e 
Arnaud Léonard Jean Desbiez (ICAS, Royal Zoological Society of Scotland (RZSS), Murrayfield, Edinburgh/UK e Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Nazaré Paulista/SP).

Foto (destaque): ICAS/divulgação
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Suely Souza dos Santos
Suely Souza dos Santos
4 meses atrás

Que legal saber. Aqui em casa encontramos sempre buracos feitos por tatu canastra, mas nunca chegamos a vê-los.

Celia Ehret
Celia Ehret
4 meses atrás

Parabéns pela pesquisa tão importante Parabéns o nosso pantanal e pela preservação da espécie tão linda.

Edgard
4 meses atrás

Ótimo saber espero que muitos tenham lido também

José Rota
José Rota
4 meses atrás

Oppppaaa!!!…. Além da importância capital do estudo e conclusões é muito lamentável estarmos constatando e vendo tbm tatus canastras sendo caçados ou mortos em rodovias. Gostaria de saber se a Dra Mariah Tebcherani teve ou tem parente um Professor Kamal que por volta do ano 1967, laborou no Colégio Agrícola de Ponta Grossa no PR, onde eu estudei o segundo grau. José Rota, 5, atual residente em Apucarana PR. E.mail joserotaadvogado@gmail.com e tbm (43) 9.9962.8800.

Marcelus Silveira
Marcelus Silveira
4 meses atrás

Eu tenho o Tatu enquanto amigo…

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