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Luis Rubiales pode ir a julgamento por beijo forçado em jogadora espanhola na final da Copa

Luis Rubiales pode ir a julgamento por beijo forçado em jogadora espanhola na final da Copa

Cerca de seis meses após o polêmico beijo dado por Luis Rubiales, o presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), na boca da jogadora Jennifer Hermoso após a final da Copa, em Sidney, na Austrália, o juiz Francisco de Jorge, que analisa o caso de agressão sexual e coerção, sugeriu que o ex-dirigente deve ir a julgamento.

Segundo o parecer do magistrado do Tribunal Nacional de Espanha, em Madrid, o beijo não foi consensual e Rubiales agiu de maneira “unilateral e surpreendente”. “A finalidade erótica ou não ou o estado de euforia e agitação vivenciados em decorrência do extraordinário triunfo esportivo são elementos cuja concordância e consequências jurídicas devem ser avaliadas no julgamento oral e público perante órgão responsável pela acusação”, afirma.

Além disso, de Jorge afirma que “as pressões a que a jogadora foi sujeita criaram uma situação de ansiedade e de intenso estresse na seleção feminina”.

O juiz recomenda ainda que três outros envolvidos no caso também respondem a um processo: o diretor esportivo da seleção masculina, Albert Luque, o ex-técnico da seleção feminina, Jorge Vilda, e o ex-gerente de marketing da Federação, Rubén River.

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Para de Jorge, todos agiram de forma a fazer com que Jennifer concordasse em gravar um vídeo no qual afirmava que o beijo havia sido consensual.

Para que o processo seja julgado, os advogados envolvidos no caso têm dias dez para submeter um pedido em corte. Caso seja considerado culpado, Rubiales pode cumprir uma pena de até quatro anos de prisão.

Em setembro de 2023, a Federação de Futebol da Espanha anunciou a demissão do técnico da equipe feminina, Jorge Vilda, e no final de outubro, o Comitê Disciplinar da Fifa determinou que o ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol estava banido de atividades relacionadas ao futebol por três anos.

Beijo forçado gerou uma onda de protestos

Infelizmente o beijo forçado de Rubiales em Jennifer – o qual ele sempre afirmou ter sido “consentido” – acabou ofuscando a vitória das atletas espanholas na Copa do Mundo. Todavia, na época, muitas delas afirmaram que ele foi apenas a ponta do iceberg de um escândalo ainda maior e que escancarou uma cultura machista e tóxica dos bastidores do futebol do país e, denunciam muitos, de sua própria sociedade.

A seleção da Espanha já tinha chegado na Austrália sob um clima de tensão. Antes da competição, 15 atletas enviaram uma carta à federação pedindo a troca do técnico Jorge Vilda. Foram completamente ignoradas. A maioria das signatárias não foi escalada para representar o país no mundial.

A decisão da entidade refletia uma postura de Rubiales, que segundo relatos, agia como um ditador. Prova disso foi sua reação após a polêmica do beijo começar a ganhar as manchetes nacionais e internacionais.

Quando o assunto tomou proporções ainda maiores, o czar do futebol espanhol declarou que não iria renunciar. Por quatro vezes seguidas afirmou em alto e bom som: “No voy a desistir”. E voltou a insistir na versão que a jogadora o teria tirado do chão e que, antes de beijá-la, pediu permissão e ela teria dito “ok”.

Logo a hashtag #SeAcabó começou a ganhar força. Mulheres foram às ruas protestar contra o dirigente e os abusos sofridos pelas espanholas diariamente. Era a hora e a vez do movimento #MeToo no país europeu.

*Com informações dos sites AS, BBC International e The New York Times

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Foto de abertura: reprodução Real Federación Española de Fútbol

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